Folha de S. Paulo


Sob protestos, Israel mantém detectores de metal em Jerusalém

O governo de Israel decidiu neste domingo (23), em reunião do gabinete de segurança, manter os controversos detectores de metais na entrada da Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém.

Os equipamentos, instalados há uma semana após um ataque que deixou dois policiais mortos perto dali, provocaram uma série de protestos de palestinos em Jerusalém e na Cisjordânia.

Nos últimos dias, ao menos cinco palestinos morreram em confrontos com soldados israelenses. Além disso, um palestino matou três israelenses a facadas em um assentamento judaico na Cisjordânia na sexta (21).

No domingo, um foguete foi lançado contra Israel desde a faixa de Gaza, sem provocar danos. Um episódio de violência cujas circunstâncias não estão claras na embaixada israelense na Jordânia deixou dois jordanianos mortos e um israelense ferido.

Com o acirramento das tensões, a Autoridade Palestina decidiu suspender os contatos de segurança com Israel até a retirada dos detectores.

O ministro do Desenvolvimento Regional de Israel, Tzachi Hanegbi, disse no domingo que os equipamentos ficarão. "Os assassinos nunca nos dirão como perseguir assassinos", afirmou.

Já o ministro da Segurança Pública, Gilad Erdan, afirmou que os detectores podem ser retirados caso surjam outras medidas de segurança, como o aumento do policiamento e a instalação de câmeras com tecnologia de reconhecimento facial.

"Há, afinal, muitos fiéis que a polícia conhece, que frequentam o local regularmente, pessoas muito idosas e por aí em diante. Isso recomenda que evitemos passar essas pessoas pelos detectores de metal", disse Erdan.

O jornal israelense "Haaretz" informou que a polícia expulsou à força repórteres que tentavam cobrir as tensões na Esplanada das Mesquitas no fim de semana. Outras pessoas no local sem credenciais de jornalista não sofreram intimidação.

Um enviado dos EUA chegará a Israel na segunda para mediar a tensão. No mesmo dia, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá.

A Cidade Velha fica em Jerusalém Oriental, território palestino ocupado por Israel em 1967. Os palestinos acusam Israel de tentar aumentar seu domínio sobre o local, mas as autoridades do país dizem agir apenas para garantir a segurança.

O papa Francisco se manifestou sobre os conflitos. "Sinto a necessidade de expressar um apelo sincero para a moderação o diálogo", disse durante oração no Vaticano neste domingo.


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