Começou nesta quarta-feira (19), a venda legal de maconha, produzida e distribuída pelo Estado, nas farmácias do Uruguai. Trata-se da última etapa da implementação da chamada Lei da Maconha, aprovada pelo Congresso uruguaio em dezembro de 2013.
Antes da venda nas drogarias, já vinham funcionando os clubes de cultivo e o autocultivo individual, ambos fiscalizados pelo governo. Se nesta primeira fase já havia 6.700 pessoas inscritas, agora somam-se os 4.000 indivíduos que se registraram para comprar a maconha nos estabelecimentos farmacêuticos.
Para tanto, é necessário ser uruguaio ou ter documentação de residência. Cada inscrito pode levar para casa apenas dois envelopes com 5g por semana. Ao todo, por mês, está permitido, portanto, que cada um consuma legalmente 40g.
Os usuários são identificados nos estabelecimentos pelas digitais tomadas no dia do registro. Nem as farmácias nem outras autoridades que não as do Ministério de Saúde têm conhecimento da lista dos usuários.
A última fase do projeto deveria ter sido implementada no dia 1º, mas foi adiada devido à preocupação dos donos das farmácias com roubos e ataques do tráfico. Nessa primeira fase, apenas 30 lojas, em todo o país, estão oferecendo a droga —nas quatro farmácias de Montevidéu o estoque acabou em oito horas.
"Creio que o número vai aumentar, querem provar para ver se não há perigo, aos poucos irão aderindo", disse à Folha, em Montevidéu, há duas semanas, o ideólogo da lei, Julio Calzada.
Para aceitarem vender a droga, as farmácias registradas pediram a instalação de "botões de pânico", para chamar rapidamente a polícia, além de cofres-forte para guardar o material.
O nome das empresas contratadas para produzir a droga no interior do país também é sigiloso e não aparece nos envelopes. "É o que diferencia nosso projeto dos que existem para produzir nos EUA ou em outros países. A nossa não é um negócio, é uma medida de saúde pública", disse Calzada.