A Justiça peruana voltou a rejeitar o pedido dos familiares do ex-presidente Alberto Fujimori, 78, para que este fosse libertado por razões humanitárias e de saúde. O autocrata, que governou o Peru entre 1990 e 2000, cumpre, desde 2009, pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes de lesa humanidade.
Os filhos de Fujimori, a ex-candidata à Presidência Keiko Fujimori e o deputado Kenji Fujimori, pedem a soltura do pai, que padece de um câncer na garganta.
Durante a acirrada campanha presidencial de 2016, em que Pedro Pablo Kuczynski venceu Keiko por uma pequena diferença de quase 50 mil votos, o indulto a Fujimori foi um tema de debate.
Ernesto Benavides - 7.jul.2017/AFP | ||
Manifestantes protestam em Lima contra o indulto ao ex-presidente peruano Alberto Fujimori |
Por conta do apoio que recebeu da esquerda e dos antifujimoristas para vencer Keiko no segundo turno, PPK havia prometido que deixaria o assunto nas mãos da Justiça e não consideraria conceder um indulto presidencial ao autocrata.
Porém, na semana passada, o presidente sugeriu uma mudança de posição, afirmando que havia chegado o momento de "avaliar um possível perdão". "Creio que chegou o momento de voltarmos a analisar isso", disse.
PPK vive atualmente sob intensa pressão do Congresso peruano, de maioria fujimorista (73 parlamentares, contra 18 governistas). Além da dificuldade em aprovar leis e reformas, PPK viu três de seus ministros (Educação, Economia e Transportes) afastados por pressão do bloco fujimorista, enquanto um quarto (Interior) está respondendo a um inquérito interno.
Ao aventar a possibilidade de avaliar um indulto a Fujimori, PPK provocou uma reação que voltou a encher as ruas de Lima e de outras cidades, como na época das eleições, com passeatas de repúdio à soltura de Fujimori.
Já Keiko e Kenji consideram que o julgamento e a condenação do pai foram movidos por iniciativas políticas, tiveram falhas legais, além do que afirmam que o pai sofre abusos de direitos humanos na prisão.
Em maio, o juiz Arnaldo Sanchez pediu que fosse feita uma investigação sobre as condições do cárcere e chegou à conclusão de que o prisioneiro estava sendo bem tratado.
A advogada de Fujimori, Liz Ramos, disse nesta quarta-feira (12) que a família apelará agora à Suprema Corte. As ações da defesa buscam atrasar também os julgamentos que estão em andamento e nos quais Fujimori é réu, como o caso das esterilizações forçadas de mais de 200 mil mulheres por conta de um projeto de planejamento familiar instituído durante sua gestão.
O pedido de soltura de Fujimori não é novo e atravessou toda a gestão do ex-presidente Ollanta Humala. Em 2013, outro pedido de liberação foi negado pelo então mandatário depois que uma junta médica avaliou que o encarceramento não vinha causando prejuízo à saúde de Fujimori.