Folha de S. Paulo


Filho de Trump sabia que material contra Hillary era da Rússia, diz jornal

Donald Trump Jr., filho do presidente dos EUA, foi informado em junho de 2016 que o material que lhe foi oferecido para comprometer Hillary Clinton fazia parte dos esforços da Rússia para que seu pai ganhasse a eleição.

Segundo informou nesta segunda-feira (10) o jornal "The New York Times", Donald Jr. teria sido avisado sobre o elo do Kremlin com o dossiê contra a democrata em e-mail enviado pelo publicitário britânico Rob Goldstone.

Al Drago - 16.abr.2017/The New York Times
Donald Trump Jr., filho mais velho do presidente dos EUA, chega à base militar de Andrews em abril
Donald Trump Jr., filho mais velho do presidente dos EUA, chega à base militar de Andrews em abril

A mensagem foi entregue antes do encontro dele com a advogada russa Natalia Veselnitskaya, com quem o filho do republicano admitiu ter se reunido para conseguir informações comprometedoras sobre Hillary.

Com base em três pessoas que teriam visto o e-mail, Goldstone foi um dos responsáveis por fazer o contato entre os dois. O britânico afirmou que o governo russo poderia ser o portador dos dados para a campanha suja.

O jornal afirma, no entanto, não ter provas de que os dados teriam sido obtidos em ataques cibernéticos —principal meio que o Kremlin teria usado para interferir na eleição de 2016, segundo os serviços de inteligência dos EUA.

Apesar disso, é possível que o Departamento de Justiça e o Congresso incluam o e-mail entre as evidências de suas investigações sobre o suposto elo entre a equipe de campanha de Trump e as autoridades russas.

O advogado de defesa de Donald Jr., Alan Futerfas, confirmou o contato do filho do presidente com o britânico, mas disse que seu cliente não fez nada de errado. Ele ainda acusou a imprensa de "fazer estardalhaço por nada".

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"O resultado desta comunicação foi o de que alguém tinha informação que poderia ser útil para a campanha e vinha de alguém que ele conhecia. Ele não tinha conhecimento de que informação específica, se havia, seria discutida."

O "New York Times" havia informado sobre a reunião de Donald Jr. e a russa no fim de semana. Também teriam ido ao encontro, em 9 de junho de 2016, seu cunhado, Jared Kushner, e o coordenador de campanha, Paul Manafort.

Logo após a denúncia, o filho do presidente disse que o tema da reunião havia sido a suspensão do programa para adoção de crianças russas por americanos, cancelado pelo presidente Vladimir Putin em 2013.

Menos de 24 horas depois ele mudou a versão. Em nota, disse ter pedido para ver "uma pessoa que disseram ter informações que poderiam ajudar a campanha" e negou que tenha obtido qualquer dado sobre Hillary.

Casada com um ex-vice-ministro da região de Moscou, Natalia Veselnitskaya tem como clientes empresas estatais e o filho de um alto funcionário do governo cuja empresa era investigada pelos EUA na época do encontro.

Goldstone, que fez o contato da advogada russa com Donald Jr., é representante do cantor pop Emin Agalarov, filho do bilionário Aras Agalarov, que tem relações próximas com o presidente russo e com a advogada.

A família Agalarov foi uma das patrocinadoras do concurso de Miss Universo na Rússia, em 2013, uma marca das Organizações Trump, e assinou um acordo preliminar para a construção de uma Trump Tower em Moscou.

Em resposta às denúncias, a vice-porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, voltou a dizer que a equipe de campanha e o filho mais velho do presidente não conspiraram com ninguém para interferir na eleição.


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