Folha de S. Paulo


EUA dizem estar prontos para usar força militar contra Coreia do Norte

Reuters
The intercontinental ballistic missile Hwasong-14 is seen during its test launch in this undated photo released by North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) in Pyongyang, July, 4 2017. KCNA/via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THIS IMAGE. NO THIRD PARTY SALES. SOUTH KOREA OUT. ORG XMIT: GDY104
O míssil intercontinental Hwasong-14 é lançado em teste norte-coreano na manhã de terça (4)

Os EUA usaram a reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para anunciar, nesta quarta (5), que estão prontos para usar força militar contra a Coreia do Norte. O país realizara, na véspera, um teste com um míssil balístico que alega ser capaz de atingir o Alasca.

O recado foi dado pela embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, que classificou o teste como uma "clara e nítida escalada militar" por parte de Pyongyang.

Na reunião, ela pressionou os países-membros a aprovarem novas sanções contra a Coreia do Norte e disse à China que o comércio entre os dois países está sob risco se Pequim seguir seus negócios com o regime de Kim Jong-un.

O endurecimento ocorre às vésperas dos encontros bilaterais de Donald Trump com os presidentes Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia, às margens da reunião do G20, na Alemanha.

"Os EUA estão preparados para usar todas as nossas capacidades para nos defender e defender nossos aliados. Uma delas é a nossa considerável força militar", disse Haley. "Vamos usá-la se preciso, mas preferimos não ter que ir nesta direção."

Mais cedo, o general Vincent Brooks, comandante das tropas americanas na Coreia do Sul, dissera que a "autocontenção" de Washington e Seul era o que estava evitando uma guerra com Pyongyang.

Na ONU, Haley afirmou que os EUA vão propor novas sanções à Coreia do Norte nos próximos dias, mencionando apenas que elas podem ser nas áreas de energia e comércio. "O tempo é curto, e uma ação é necessária. Se agirmos juntos, ainda podemos salvar o mundo de uma catástrofe", declarou.

Os representantes de China e Rússia, que têm direito a veto no conselho, já demonstraram, contudo, que seus governos não estão dispostos a apoiar novas sanções.

Os dois defenderam o caminho do dialogo com Pyongyang e pediram que os EUA freiem a instalação de um sistema de defesa antimísseis na vizinha Coreia do Sul.

"Pedimos que todas as partes preocupadas exercitem o comedimento, evitem ações provocativas e retórica beligerante", disse o embaixador chinês na ONU, Liu Jieyi.

AFP
This picture taken and released on July 4, 2017 by North Korea's official Korean Central News Agency (KCNA) shows North Korean leader Kim Jong-Un (R) reacting after the test-fire of the intercontinental ballistic missile Hwasong-14 at an undisclosed location. North Korea declared on July 4 it had successfully tested its first intercontinental ballistic missile -- a watershed moment in its push to develop a nuclear weapon capable of hitting the mainland United States. / AFP PHOTO / KCNA VIA KNS / STR / South Korea OUT / REPUBLIC OF KOREA OUT ---EDITORS NOTE--- RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT
O ditador Kim Jong-un comemora o lançamento do míssil Hwasong-14 na terça-feira (4)

COMÉRCIO

Numa ameaça dirigida especialmente à China, Haley disse que os EUA podem retaliar os países que "escolherem fazer negócios com esse regime criminoso".

"Há países permitindo, inclusive estimulando, o comércio com a Coreia do Norte. ("¦) Nossa atitude [dos EUA] sobre comércio muda quando os países não tratam com seriedade as ameaças de segurança internacional."

O próprio Trump, antes de embarcar nesta quarta para a Polônia, escala para o G20, havia sugerido romper acordos comerciais com "países que não ajudam" os EUA.

"O comércio entre a China e a Coreia do Norte cresceu quase 40% no primeiro trimestre. É muito, considerando que a China está trabalhando conosco –mas temos que dar uma chance!", escreveu Trump menos de dez minutos depois nas redes sociais.

Desde a visita de Xi Jinping aos EUA, no começo de abril, o governo Trump tinha suavizado as críticas a Pequim e vinha celebrando o apoio da China para tentar conter a Coreia do Norte.

O teste com míssil desta semana, porém, anuncia uma reunião bem mais tensa entre os dois líderes em Hamburgo.

A ação também deve colocar a Coreia do Norte como assunto prioritário no primeiro encontro entre Trump e Putin, que já tinha na agenda assuntos espinhosos, como Síria, Ucrânia, as provas de tentativa de interferência de Moscou nas eleições de 2016 e as investigações do FBI sobre o tema, e as sanções impostas à Rússia pelos EUA.

Na última terça, após uma conversa entre Putin e Xi, os dois países sugeriram um plano de desescalada que previa a suspensão do programa de mísseis por Pyongyang e uma moratória nos exercícios de grande escala com mísseis por Seul e Washington.

Horas depois, os EUA sinalizaram sua pouca disposição em aceitar a negociação, lançando um teste de mísseis conjunto com a Coreia do Sul.

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AMEAÇAS E PROVOCAÇÕES Desde abril, Coreia do Norte fez 6 testes de mísseis balísticos, quase sempre perto de datas ou eventos importantes para potências ocidentais

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