Folha de S. Paulo


China se irrita com plano dos EUA de vender armamentos para Taiwan

Carlos Barria - 7.abr.2017/Reuters
U.S. President Donald Trump (L) and China's President Xi Jinping walk along the front patio of the Mar-a-Lago estate after a bilateral meeting in Palm Beach, Florida, U.S., April 7, 2017. REUTERS/Carlos Barria ORG XMIT: WAS117
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o da China, Xi Jinping, durante a visita do segundo, em abril

A China expressou nesta sexta-feira (30) sua irritação com o plano do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de vender a Taiwan cerca de US$ 1,4 bilhão em armas.

A China considera Taiwan parte de seu território e a classifica como uma província rebelde. Nacionalistas chineses fugiram para a ilha em 1949 após perder a guerra civil para os comunistas.

"O gesto errado do lado americano vai de encontro ao consenso alcançado entre os dois presidentes e o momento positivo de desenvolvimento das relações China-EUA", disse a embaixada da China em Washington. "O governo chinês e o povo chinês têm toda o direito de ficar irritados."

Ao anunciar o pacote de venda de armas a Taiwan, o Departamento de Estado disse na quinta-feira (29) que se trata de um apoio à "capacidade de autodefesa" da ilha, mas ressaltou que o plano não implica mudança na política de "uma única China", exigida por Pequim e apoiada pelos EUA.

O Ministério da Defesa da China afirmou que Taiwan é a "questão mais importante e sensível das relações sino-americanas" e exigiu que Washington evite provocar novas instabilidades na região.

Os Estados Unidos deixaram de reconhecer Taiwan em 1979, passando a manter relações formais apenas com a China continental, governada pelo Partido Comunista.

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ESTRATÉGIA ERRÁTICA

Até agora, o governo Trump tem sido marcado por uma estratégia errática para a China.

Durante a campanha presidencial, no ano passado, o republicano adotou uma retórica hostil contra Pequim, acusando os chineses de roubarem empregos dos americanos e de realizar manipulação monetária. Em dezembro, Trump irritou o governo chinês ao sugerir uma reaproximação com Taiwan e conversar por telefone com a líder da ilha, Tsai Ing-wen, rompendo o protocolo.

Após tomar posse, em janeiro, o presidente adotou um tom mais comedido e reiterou o apoio à política de "uma única China". Os dois países se aproximaram ainda mais após a visita do presidente Xi Jinping aos EUA, em abril –a partir daí, Trump passou a expressar confiança na China.

O pacote de venda de armas a Taiwan representa um novo tensionamento entre os dois países. Analistas divergem em sua avaliação sobre as idas e vindas de Trump na política externa: enquanto uns interpretam isso como uma tática para obter melhores condições de negociação, outros veem uma falta de experiência e de estratégia.


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