Folha de S. Paulo


Novo ciberataque atinge empresas de diversos países

Valentyn Ogirenko/Reuters
Caixa eletrônico de banco estatal ucraniano Oschadbank pede dinheiro para resgate durante ciberataque
Caixa eletrônico de banco ucraniano pede dinheiro para resgate durante ciberataque nesta terça (27)

Um ciberataque de grandes proporções afetou nesta terça-feira (27) computadores na Europa e nos Estados Unidos. É a segunda ação do tipo em dois meses, afligindo governos e empresas.

A Ucrânia foi a principal prejudicada, com impacto em agências oficiais, no sistema bancário e no metrô. Os painéis do aeroporto de Kiev deixaram de funcionar.

Alguns dos dispositivos de checagem de radiação em Tchernóbil, também no país, tiveram de ser operados manualmente. Houve um desastre nuclear ali em 1986. Não há risco devido ao ataque.

Segundo a empresa russa de antivírus Kaspersky, 60% das empresas e instituições afetadas estão na Ucrânia. Na Rússia, os servidores da gigante do petróleo Rosneft foram atingidos, sem afetar no entanto a sua produção.

Houve ataques em toda a Europa. Entre as vítimas estão a agência britânica de publicidade WPP, a multinacional francesa de construção Saint-Gobain e a transportadora dinamarquesa AP Moller-Maersk.

A agência federal alemã de cibersegurança BSI afirmou que a causa foi uma variante do vírus conhecido como Petya ou Petrwrap, de espécie "ransomware" –um software que bloqueia informações e exige dinheiro para destravá-las. "Ransom" significa "resgate" em inglês.

Um pedido de resgate de US$ 300 (R$ 995) foi exibido na tela de alguns dos computadores afetados. Há imagens dessas mensagens circulando em redes sociais.

A ação se parece portanto com aquela que em maio passado afetou mais de 230 mil computadores em 150 países, incluindo o Brasil, também causada por um tipo de "ransomware". Naquela ocasião, o NHS (sistema de saúde britânico) foi parcialmente bloqueado.

A empresa de segurança Group IB, com sede em Moscou, disse que os hackers se aproveitaram de um código desenvolvido pela NSA (agência nacional de segurança americana) para este ataque. A mesma ferramenta foi empregada no mega-ataque de maio, causado pelo vírus WannaCry.

O código, conhecido como EternalBlue, foi vazado em abril pelo grupo de hackers Shadow Brokers. Mesmo sistemas que foram atualizados depois do WannaCry podem estar vulneráveis ao novo vírus, alertam especialistas.

O chefe da unidade militar francesa para crime digitais, Nicolas Duvinage, disse à agência France Presse que ciberataques são como "epidemias de gripe no inverno". "Teremos vários desses ataques nos próximos meses."

UCRÂNIA

Apesar de ter havido dificuldades momentâneas no atendimento a clientes, bancos ucranianos disseram que não sofreram prejuízo. Já a empresa de eletricidade estatal, a Ukrenergo, afirmou que o suprimento de
energia não foi comprometido.

O vice-premiê ucraniano, Pavlo Rozenko, publicou uma imagem em uma rede social mostrando uma tela preta de computador. Ele afirmou que todo o sistema informático da administração estava desconectado.

Em uma tentativa de acalmar a população, porém, o governo publicou em uma rede social a imagem de um cachorro bebendo chá em uma sala tomada pelas chamas. "Não há razão para pânico", dizia o texto, afirmando que o país estava empenhado em resolver a crise.

O ataque pode ter começado nesse país, quando funcionários da administração abriram os seus e-mails, infectados com o vírus.

A Ucrânia sofreu uma série de outros ciberataques nos últimos anos, incluindo ações contra sua rede elétrica. O governo vinha pedindo o reforço de suas defesas.

O governo culpou a Rússia no passado por outros ataques. Em 2015, uma ação deixou partes do país sem eletricidade. Moscou nega ter tido qualquer participação.


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