Folha de S. Paulo


Após EUA abaterem jato sírio, Rússia corta comunicação e ameaça retaliar

Ryan U. Kledzik - 28.jun.2016/Divulgação/Reuters
FILE PHOTO: A U.S. Navy F/A-18E Super Hornet launches from the flight deck of the aircraft carrier USS Dwight D. Eisenhower in the Mediterranean Sea June 28, 2016. U.S. Navy/Mass Communication Specialist 2nd Class Ryan U. Kledzik/Handout/File Photo via Reuters ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE HAS BEEN SUPPLIED BY A THIRD PARTY. ORG XMIT: TOR554
Jato militar dos EUA decola de porta-aviões no Mediterrâneo

A Rússia elevou o tom contra os EUA na Síria e sugeriu nesta segunda-feira (19), pela primeira vez, que poderá atacar aviões americanos no país, prometendo tomar como "alvo" qualquer aeronave sobrevoando o território sírio "a oeste do rio Eufrates".

A ameaça é uma resposta à ação dos EUA que derrubou um caça do regime de Bashar Al-Assad, aliado de Moscou, domingo (18) perto de Raqqa.

"Todos os tipos de veículos aéreos, incluindo aeronaves e UAVs [aviões não tripulados] da coalizão internacional, detectados a oeste do rio Eufrates serão rastreados pelos sistemas russos como alvos", disse a chancelaria russa em comunicado.

Cerca de dois terços do território sírio estão na região citada por Moscou, e a coalizão liderada pelos EUA tem conduzido missões aéreas perto das cidades de Manbij e Al Bab, que foram retomadas da milícia terrorista Estado Islâmico pelas forças rebeldes apoiadas por Washington.

Moscou condenou duramente o ataque americano nesta segunda e disse que suspenderá o canal de comunicação entre os dois países criado em 2015 para evitar colisões aéreas sobre a Síria.

"Este ataque pode ser considerado outro ato de desrespeito do direito internacional pelos Estados Unidos", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, segundo a agência estatal russa Tass.

"O que foi isso, se não um ato de agressão? Também foi um ato de ajuda aos terroristas, contra os quais os EUA estão ostensivamente lutando", afirmou.

Essa foi a primeira vez, desde que a coalizão começou a atuar na Síria, em 2014, que os EUA derrubaram um avião do regime Assad.

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Segundo o governo americano, a ação contra o caça sírio também foi uma resposta, já que o avião teria bombardeado uma área perto de posições de combatentes das Forças Democráticas da Síria (FDS), coalizão de milícias curdas e árabes que luta contra o EI com apoio dos EUA.

Depois da ameaça russa, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que os países da coalizão vão manter o seu direito à autodefesa.

O porta-voz das forças de coalizão, coronel Ryan Dillon, também disse à rede CNN que as forças aliadas já começaram a "tomar medidas prudentes de reposicionar as aeronaves sobre a Síria, a fim de continuar mirando as forças do EI mas garantindo a segurança das tripulações".

Em Washington, no entanto, as principais declarações públicas do governo Trump nesta segunda-feira foram para tentar suavizar o tom com Moscou.

O comandante do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Joseph Dunford, disse que seu governo estava trabalhando diplomática e militarmente para restabelecer o canal de comunicação com a Rússia o quanto antes.

"A pior coisa que podemos fazer agora é tratar dessa questão com exageros."

Spicer afirmou ser "importante e fundamental" manter abertas as vias de comunicação para evitar conflitos.

Em abril, o governo russo já havia suspendido temporariamente este canal de diálogo com os EUA depois que Donald Trump ordenou o lançamento de 59 mísseis sobre uma base aérea síria em retaliação ao ataque químico que havia matado pelo menos 80 pessoas, muitas delas crianças, dias antes.

Na época, os dois governos admitiram que a relação entre Washington e Moscou havia chegado ao seu pior ponto desde o fim da Guerra Fria.

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