Folha de S. Paulo


Refugiado sírio é a 1ª das 17 vítimas do incêndio em Londres a ser identificada

A primeira vítima do incêndio num edifício residencial em Londres a ser identificada é Mohamed Alhajali, um refugiado sírio de 23 anos que morava no décimo quarto andar do edifício e estudava engenharia civil na universidade de West London. Seu irmão mais velho, que estava com ele no momento da tragédia, sobreviveu e é atendido em um hospital.

"Seu sonho era poder voltar algum dia ao seu país para reconstruir a Síria", informou uma associação de ajuda à Síria em um comunicado. "Mohamed fez uma viagem perigosa para fugir da guerra e da morte da Síria, antes de encontrá-la aqui, no Reino Unido, em sua própria casa. Mohamed veio a este país por sua segurança e o Reino Unido fracassou na hora de protegê-lo", acrescentou.

Reuters
O refugiado sírio Mohammed Alhajali, a primeira vítima identificada do incêndio num edifício de Londres
O refugiado sírio Mohammed Alhajali, a primeira vítima identificada do incêndio num edifício de Londres

As autoridades britânicas informaram nesta quinta-feira (15) que subiu para 17 o número de mortos no incêndio da véspera em um prédio residencial em Londres. A expectativa é que o número suba à medida que os bombeiros avancem suas buscas no local.

A polícia não informou a quantidade de desaparecidos, gerando frustração entre familiares que não encontraram seus entes. Ao menos 24 nomes de desaparecidos têm circulado entre parentes e amigos dos moradores do prédio.

A primeira-ministra Theresa May visitou o local e prometeu uma "investigação adequada" sobre as causas do incêndio. "Precisamos saber o que aconteceu, precisamos ter uma explicação. As pessoas merecem respostas, e a investigação lhes dará isso."

A polícia abriu um inquérito criminal sobre o episódio e disse não há indícios de que o incêndio tenha relação com o terrorismo –o Reino Unido foi alvo de três atentados desde março, os quais deixaram um total 35 mortos.

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Os bombeiros terminaram de apagar as últimas chamas do edifício na manhã desta quinta-feira e estão trabalhando para garantir a segurança da estrutura do local para prosseguir com as buscas.

A rainha Elizabeth 2ª prestou homenagem "à bravura dos bombeiros e outros serviços de emergência que arriscaram suas vidas para salvar outras pessoas".

O edifício Grenfell Tower foi construído em 1974 e reformado no ano passado em uma obra orçada em £ 10 milhões (R$ 46 milhões), segundo o "Financial Times". Em seus 24 andares, abrigava 120 apartamentos em torno de uma única escadaria.

Ao lado de um parque e diante de uma escola de ensino fundamental, ele está localizado na porção norte de Kensington, colado a Notting Hill, região rica de Londres.

Grenfell Tower, Londres

O fogo começou no segundo andar e logo se espalhou pelo prédio de 70 metros. A comissária de Bombeiros Dany Cotton disse nunca ter visto incêndio tão grande nos 29 anos de sua carreira.

Testemunhas relataram terem visto moradores do prédio gritando por ajuda e, em alguns casos, jogando crianças pelas janelas para salvá-las das chamas.

SEGURANÇA

Moradores do prédio registraram nos últimos anos diversas reclamações sobre os padrões de segurança do edifício.

Em novembro, o blog do Grupo de Ação de Grenfell alertou que apenas "um evento catastrófico irá expor a inaptidão e incompetência dos administradores (...) e pôr um fim às condições de vida perigosas e à negligência em relação à legislação de saúde e segurança".

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SADIQ KHAN

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, foi confrontado por cidadãos irritados com o incêndio no edifício residencial Grenfell Tower.

Através de sua página no Facebook, Khan disse nesta quinta-feira (15) que a comunidade merece respostas –e rapidamente.

"Eu cresci em um município semelhante, no sul de Londres, e isso poderia ter acontecido facilmente com minha família, meus amigos e minha comunidade. Eu compartilho sua raiva e preocupação", declarou o prefeito.


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