Folha de S. Paulo


Atentados matam ao menos sete em Londres; EI reivindica ações

Londres foi palco de nova ação terrorista na noite deste sábado (3). Por volta das 22h locais (18 horas no Brasil), dois ataques ocorreram em torno da ponte de Londres, que passa sobre o rio Tâmisa.

A polícia informou, à meia-noite de Brasília, acreditar que ao menos sete pessoas morreram. Três agressores foram mortos a tiros durante o confronto com agentes.

Neste domingo, o grupo extremista Estado Islâmico reivindicou as ações em uma mensagem publicada na Amaq, agência ligada ao grupo.

Um carro branco, descrito como uma van, atropelou entre 15 e 20 pessoas sobre a ponte; homens com facas atacaram pessoas que estavam em um restaurante a poucas quadras do local, no mercado de Borough.
De acordo com os relatos, a van desviou da pista para a direita e seguiu em direção aos pedestres que caminhavam pela calçada. Segundo a polícia, há um total de pelo menos 48 feridos.

Um carro de polícia chamado pelos frequentadores do restaurante Southwark Tavern, que apontavam para um possível agressor em fuga, seguiu na direção do mercado, fechado naquele momento, onde teria havido tiroteio. Testemunhas ouvidas por diferentes meios de comunicação disseram ter ouvido os agressores gritarem o nome de "Alá". Outros relataram ter visto ao menos três pessoas que aparentavam estar feridas por golpes de faca na região da garganta.

Neste domingo, a mãe de uma das vítimas relatou à imprensa local o que seu filho Daniel O'Neill, 23, lhe contou. "Ele saiu do bar por um segundo e um homem correu até ele dizendo: 'Isso é pela minha família, isso é pelo Islã', e enfiou uma faca nele", disse Elizabeth O'Neill em frente ao hospital em que o jovem está. Daniel ficou ferido da barriga até as costas, voltou ao bar e se manteve lá até que a polícia o levasse ao hospital. Segundo a mãe, o jovem está em choque.

Na noite de sábado, os policiais registraram ainda uma terceira ocorrência, um esfaqueamento no bairro de Vauxhall, a poucos quilômetros da ponte de Londres. No entanto, as autoridades disseram se tratar de um crime comum e que não havia relação com os dois primeiros episódios.

À 0h25 local (20h25 no Brasil), a polícia declarou que as ações foram terroristas. Pouco antes, a primeira-ministra, Theresa May, convocou reunião da cúpula de segurança para este domingo.

O prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Kahn, descreveu o episódio como "ataque deliberado e covarde contra inocentes londrinos".

Os atentados ocorrem às vésperas das eleições gerais para o Parlamento, marcadas para a próxima quinta (8); a conservadora May é candidata à reeleição.

O roteiro do ataque com um veículo atropelando pedestres em uma ponte sobre o rio Tâmisa repete o que ocorreu em 22 de março, quando um motorista jogou seu carro contra pessoas, principalmente turistas, sobre a ponte de Westminster e, em seguida, saiu do carro e matou a facadas um policial que fazia a guarda de um dos prédios do Parlamento britânico (onde fica a famosa torre do relógio Big Ben).

Exatos dois meses depois daquele ataque, um suicida explodiu uma bomba na entrada do show da cantora Ariana Grande, em Manchester, matando 22 pessoas, entre as quais muitas crianças, e ferindo 116.

A cantora deveria se apresentar neste domingo em Manchester, em um novo show em homenagem às vítimas. Não estava claro se o evento seria mantido.

Nos dias seguintes ao atentado de Manchester, a campanha eleitoral foi suspensa. Os partidos ainda não se manifestaram.

CLIMA NA CIDADE

O sábado foi de sol forte, com praças, parques e a passarela na beira do Tâmisa lotados. Com a aproximação do verão, tem anoitecido por volta de 21h40. Pouco antes disso, na região do ataque, caiu uma chuva forte, tirando as pessoas das ruas. Mas logo parou de chover.

Em seguida, começaram sons de sirenes e carros policiais andando em alta velocidade pelas avenidas que levam às pontes de Westminster e de Londres. O movimento só diminuiu por volta de 2h. Mesmo assim, helicópteros continuavam sobrevoando a região.


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