Folha de S. Paulo


Equador prende cinco acusados de participar de esquema da Odebrecht

Nesta sexta (2), o Equador deteve mais cinco pessoas na investigação sobre o esquema de propinas da Odebrecht e apreendeu um cheque da empreiteira no valor de US$ 980 mil.

"Alguns dos envolvidos têm foro na Corte Nacional de Justiça [o equivalente ao foro especial no Brasil]", informou à imprensa o procurador-geral Carlos Baca, que não revelou os nomes dos detidos.

Essa condição impede a prisão de alguns dos envolvidos no esquema de propinas milionárias que a empreiteira é acusada de pagar a funcionários do governo equatoriano.

Após as detenções, o novo presidente, Lenin Moreno, e o vice reeleito Jorge Glas –ambos do partido do ex-presidente Rafael Correa– disseram que a Justiça deve punir todos os que cometeram crimes, independentemente de quem seja.

Santiago Armas/Xinhua
O presidente do Equador, Lenin Moreno, que prometeu punição a envolvidos no esquema da Odebrecht
O presidente do Equador, Lenin Moreno, que prometeu punição a envolvidos no esquema da Odebrecht

"Não vamos permitir que nenhum ato de corrupção fique impune, venha de onde vier. Todos os envolvidos no caso Odebrecht devem responder à Justiça", escreveu o presidente em sua conta numa rede social.

Em seguida, Moreno declarou a jornalistas que as investigações continuarão e que há "muito mais pessoas" envolvidas nesse processo.

A operação que resultou na detenção das cinco pessoas, segundo a procuradora Thania Moreno, foi feita em casas e empresas da capital, Quito, no porto de Guayaquil (a maior cidade do país) e em Latacunga, no sul equatoriano.

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, disse Moreno, foram encontrados documentos relacionados com a Odebrecht. Além do cheque de US$ 980 mil, foram apreendidos cofres, joias, carros de luxo, dinheiro, armas sem porte e computadores.

Para a procuradora, a operação confirmou que os detidos faziam parte "de um esquema de crime organizado que envolveu a Odebrecht".

VIAGEM AO BRASIL

Carlos Baca, o procurador-geral, voltou nesta sexta do Brasil, aonde veio coletar informações sobre o caso da empreiteira. Ele disse que virá novamente ao país na próxima semana.

Em abril, a Justiça equatoriana decretou a prisão preventiva de Alecksey Mosquera, ex-ministro da Eletricidade, que teria recebido US$ 920 mil em propinas da Odebrecht. Acusado de se envolver no esquema juntamente com o ministro, o empresário Marcelo Endara está em prisão domiciliar.

Uma ordem judicial bloqueou pagamentos à Odebrecht da ordem de US$ 40 milhões. Além disso, o Estado está proibido, por ora, de firmar mais contratos com a empresa, que ficou de fora do consórcio para a construção do metrô de Quito.

Na segunda-feira (29), a República Dominicana prendeu um ministro e outras sete pessoas acusadas de envolvimento no esquema da construtora brasileira.


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