Folha de S. Paulo


Após Trump abandonar pacto, França promete reforçar política climática

Thomas Samson - 21.mai.2017/AFP
French President Emmanuel Macron looks on as he delivers a joint press briefing with Italian Prime Minister (unseen) during their meeting at the Elysee Palace in Paris, on May 21, 2017. French President Emmanuel Macron met Italian Prime Minister Paolo Gentiloni in Paris ahead of next week's G7 summit in Sicily. / AFP PHOTO / Thomas SAMSON
O presidente francês, Emmanuel Macron

Um dia depois de Donald Trump anunciar a retirada dos EUA do Acordo de Paris, o governo francês disse na sexta-feira (2) que vai redobrar seus esforços para limitar as emissões de carbono.

A declaração foi feita pelo proeminente ambientalista francês Nicolas Hulot, que assumiu em maio o Ministério do Ambiente. "[O acordo] não está morto. Pelo contrário. A França, em vez de reduzir suas ambições, vai revisá-las para cima e incentivar diversos outros países."

"A França tem a intenção de manter e reforçar sua liderança diplomática neste tema", disse Hulot. Paris foi, afinal, o cenário da assinatura do acordo em dezembro de 2015 por 195 partes.

O Acordo de Paris é a principal iniciativa global para frear as mudanças climáticas, com o compromisso de manter o aquecimento da Terra abaixo de 2°C em relação à era pré-industrial até o fim do século, tentando limitá-lo a 1,5ºC.

"A gravidade deste assunto está bem documentada e todo o mundo está ciente dos esforços consideráveis que fizemos para estar à altura deste desafio. Ainda assim, o presidente dos EUA decidiu conscientemente se retirar", Hulot afirmou em uma entrevista de manhã. "É calamitoso para o planeta", acrescentou.

O presidente francês, Emmanuel Macron, já havia reagido na véspera de maneira dura ao anúncio de Trump em uma mensagem gravada em inglês, dizendo que o governo americano cometera "um erro para os interesses de seu país, seu povo e o futuro do planeta".

"A França acredita em vocês [EUA], o mundo acredita em vocês, mas não cometam um erro com o clima. Não há plano B porque não há planeta B", disse Macron.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também criticou a decisão de Trump, afirmando em uma nota que seu país continuará com "todos os esforços de política climática para salvar a Terra".

Diversos outros governos europeus, como o italiano, se pronunciaram na quinta e na sexta reforçando seu comprometimento com o acordo e oferecendo auxílio para que países em desenvolvimento se adaptem ao texto.

O comissário europeu para o ambiente, Miguel Arias Canete, afirmou na sexta que o Acordo de Paris não pode ser rediscutido, ao contrário daquilo sugerido por Trump.

"O acordo é adequado a sua proposta. Está aqui para ficar e os 29 artigos não serão renegociados", disse a repórteres após reunir-se com sua colega chinesa.

A União Europeia e a China forjaram o que o jornal britânico "Financial Times" chamou de "aliança verde" para combater a mudança climática e contrapor-se à decisão americana. Bruxelas e Pequim, segundo o diário, acordaram medidas para reduzir o uso de combustíveis fósseis de maneira rápida.

'SOBERANIA'

Trump justificou a decisão de retirar os EUA –o segundo maior emissor de carbono do mundo– do Acordo de Paris porque, disse, o texto enfraquece a economia americana e sua soberania.

O compromisso assumido pelo país era de reduzir de 26% a 28% as emissões dos gases causadores do efeito estufa até 2025. O governo de Barack Obama havia sido um dos fiadores do tratado.

"Com um crescimento de 1%, as fontes renováveis de energia podem atender a nossa demanda doméstica. Mas, com um crescimento de 3% ou 4%, que é o que eu espero, precisamos de todas as formas de energia disponível para o nosso país", Trump afirmou na quinta.

EUA deixam o Acordo de Paris

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