Folha de S. Paulo


Roraima e ONU descartam criar campo de refugiados para venezuelanos

Membros do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), da ONU, e do governo federal estão em Roraima analisando a imigração em massa de venezuelanos para o Brasil. A possibilidade de se criar um campo de refugiados, por ora, está descartada –e o Estado alega não ser a solução do problema.

Segundo o governo de Roraima, ao menos 30 mil venezuelanos chegaram ao Brasil a partir da fronteira entre Santa Elena de Uairén e Pacaraima desde o ano passado, devido à crise no país governado por Nicolás Maduro.

A avaliação do Estado brasileiro é que a crise está longe de terminar e pode se agravar nos próximos meses. Mais de 3.000 venezuelanos já protocolaram pedidos de refúgio na PF (Polícia Federal) e venezuelanos estão disputando comida com indígenas e urubus no aterro sanitário da capital.

O objetivo da visita –além da ONU, também participam ministérios brasileiros, governo do Estado e prefeituras– é avaliar as condições da imigração e pensar em projetos que deem conta de atender a demanda de estrangeiros.

Um grupo de trabalho foi criado nesta terça-feira (30) em Boa Vista. Nesta quarta, a comitiva vai a Pacaraima e, no dia seguinte, haverá novo encontro para definir estratégias.

No Estado, há venezuelanos –indígenas e não indígenas- principalmente em Boa Vista e Pacaraima. Parte dos imigrantes também está em Manaus.

Em entrevista após a reunião, Paulo Sérgio de Almeida, oficial de integração local do Acnur, afirmou que não foi cogitada a criação de um campo de refugiados.

"Da nossa parte, nas nossas opiniões técnicas, nas nossas atividades de apoio a essas iniciativas de acolhimento, nós não sugerimos a criação de campos de refugiados. São medidas extremas, voltadas a situações onde não há nenhum outro tipo de recurso para fazer a acolhida, o que não é o caso aqui do Estado. Nós ainda estamos ajudando na busca dessas soluções ao governo do Estado e ao governo federal, então isso não foi cogitado", afirmou.

Segundo ele, barracas oferecidas pelo governo federal estão "muito longe" de serem um campo de refugiados. "As barracas estão aí como uma das possibilidades de um grupo de medidas ligadas ao abrigamento."

Já a secretária do Trabalho e Bem-Estar Social, Emília Campos, afirmou, também em entrevista após a reunião, que, até quinta-feira (1º), os participantes do grupo de trabalho vão mensurar os recursos necessários para enfrentar a situação.

"A reunião foi muito importante, recebemos representantes da ONU, inclusive especialistas na questão imigratória que já atuaram em outros países, em outras situações parecidas com a nossa. Estamos há sete meses com esse alto fluxo imigratório aqui em nosso Estado e não temos uma perspectiva de que a crise minimize na Venezuela. Ou seja, nós vamos continuar tendo que enfrentar isso por um período de tempo ainda maior."

O Estado informou, por meio de sua assessoria, que o governo entende que a criação de um campo de refugiados não é a solução para a questão da imigração venezuelana.

Disse ainda que não foi oficialmente informado nem pelo governo federal nem pela ONU sobre a possibilidade de criar um campo para os imigrantes em Roraima.

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