Folha de S. Paulo


Padre diz ter sido feito refém por radicais junto a 200 civis nas Filipinas

Bullit Marquez/Associated Press
A Philippine Marine guards the display of recovered high-powered firearms, ammunitions, uniforms and black ISIS-style flags which were shown to reporters Tuesday, May 30, 2017 in Marawi city southern Philippines. Philippine forces pressed their offensive to drive out militants linked to the Islamic State group after days of fighting left corpses in the streets and hundreds of civilians begging for rescue from a besieged southern city of Marawi. (AP Photo/Bullit Marquez) ORG XMIT: XBM131
Materiais e armas apreendidos de extremistas ligados ao EI na cidade de Marawi, nas Filipinas

Um padre capturado por extremistas islâmicos nas Filipinas disse em vídeo ser mantido como refém junto a outros 200 civis em Marawi, cidade conflagrada no sul do país, e pediu que o presidente Rodrigo Duterte cesse a ofensiva militar lançada na semana passada para expulsar os rebeldes.

"Estamos pedindo sua ajuda para por favor dar aos seus inimigos o que eles estão pedindo", disse o padre Teresito "Chito" Soganub em um vídeo divulgado em rede social pelos radicais. "Eles não estão pedindo nada além de que retirem suas tropas (...) e parem os bombardeios."

"Ainda queremos viver por maus um dia, um mês e alguns anos. Com a sua generosidade, presidente, em seu coração, nós sabemos que você pode fazer algo a respeito", afirma.

Soganub aparece em uma rua deserta ao lado de prédios destruídos e sons de tiros no fundo. Não está claro quando o vídeo foi ao ar, nem se o padre foi forçado pelos extremistas a fazer a gravação. Os reféns foram capturados na semana passada na Catedral de Marawi.

Xinhua
(170525) -- LANAO DEL SUR, May 25, 2017 (Xinhua) -- Soldiers from the Armed Forces of the Philippines (AFP) gather for an assault against the Maute militant group in Lanao Del Sur Province, the Philippines, May 25, 2017. The Philippine armed forces continued conducting surgical operations on Thursday to flush out up to 40 remnants of the Maute militant group that remain in the besieged southern Philippine city of Marawi, a military spokesman has said. (Xinhua/STRINGER)(yk)
Soldados filipinos atuam para retomar o controle de cidade no sul do país

O general-brigadeiro Restituto Padilla, porta-voz do Exército, disse que as autoridades têm conhecimento do vídeo e que se trata de "propaganda pura" para tentar impedir o avanço das tropas em Marawi.

"Pedimos que os terroristas remanescentes se rendam enquanto há oportunidade", afirmou Padilla.

Os enfrentamentos em Marawi se intensificaram na terça-feira da semana passada, após as forças de segurança realizarem uma operação fracassada no suposto esconderijo de Isnilon Hapilon, líder da facção islamita Abu Sayyaf, ligada à organização Estado Islâmico. Hapilon, que está na lista americana de terroristas mais procurados no mundo, permanece foragido.

Após a operação, extremistas conflagraram a cidade, incendiando prédios e massacrando civis. A conflagração de Marawi levou o presidente Duterte a impôr a lei marcial por 60 dias na ilha de Mindanao, onde fica a cidade. O líder filipino alertou que a norma de exceção poderia ser expandida para todo o país.

Erik De Castro - 24.dez.2016/Reuters
Philippine President Rodrigo Duterte walks with cadets of the Philippine Military Academy during the Armed Forces anniversary celebration at Camp Aguinaldo in Quezon city, Metro Manila December 21, 2016. REUTERS/Erik De Castro TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: GGGEDC900
O líder filipino, Rodrigo Duterte

Até agora, foram mortos ao menos 65 extremistas, incluindo combatentes estrangeiros oriundos da Malásia e da Indonésia, e 15 soldados. Durante o fim de semana, foram mortos 19 civis. Aproximadamente 85 mil pessoas deslocadas estão abrigadas em 38 abrigos nos arredores da cidade.

Segundo as autoridades, cerca de 85% do território da cidade já foi retomado. Agências humanitárias dizem ser impossível levar ajuda à população que permanece nas áreas controladas pelos extremistas.

Grupos de direitos humanos expressaram temores de que os poderes da lei marcial possam endurecer ainda mais a repressão promovida por Duterte no país. Desde que chegou ao governo, há quase um ano, o presidente conduz uma campanha de guerra às drogas que já deixou quase 10 mil mortos.

Desde os anos 1990, a milícia Abu Sayyaf raptou centenas de filipinos e estrangeiros para obter dinheiro por meio de resgates. O grupo também reivindicou os piores ataques já ocorridos no país, incluindo o atentado em 2004 em uma balsa na baía de Manila no qual mais de 100 pessoas morreram.


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