Folha de S. Paulo


Genro de Trump pediu linha direta com a Rússia, diz jornal

O genro de Donald Trump, Jared Kushner, que é um dos principais assessores do presidente na Casa Branca, teria discutido, antes da posse, o estabelecimento de um canal de comunicação "secreto e seguro" com a Rússia, segundo funcionários do governo ouvidos pelo "Washington Post".

A revelação foi feita um dia depois que o mesmo jornal publicou que Kushner –casado com a Ivanka Trump, também assessora do presidente– é alvo de interesse do FBI (polícia federal americana), apesar de não ser investigado, como o ex-conselheiro Michael Flynn e Paul Manafort, coordenador da campanha de Trump.

Kevin Lamarque - 23.fev.2017/Reuters
Jared Kushner, genro de Trump, atrás do presidente americano
Jared Kushner, genro de Trump, atrás do presidente americano

Segundo o "Washington Post", o embaixador russo nos EUA, Sergei Kislyak, teria informado a seus superiores em Moscou que Kushner propôs, num encontro no início de dezembro em Nova York, usar instalações diplomáticas russas na capital para criar esse canal secreto com o Kremlin.

O ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn, que teve que renunciar em fevereiro por ter mentido sobre suas conversas com Kislyak, também esteve no encontro, ocorrido na Trump Tower.

A Casa Branca reconheceu, em março, que Kushner se reuniu com o embaixador, mas minimizou, na época, a importância da discussão.

O FBI, contudo, considera o encontro fundamental nas investigações sobre os laços entre membros da equipe de Trump e Moscou antes das eleições. O governo russo é acusado de ter tentado interferir no pleito.

Segundo os funcionários que tiveram acesso a relatórios de inteligência, o embaixador russo teria ficado "perplexo" com a sugestão do genro de Trump, que envolveria o uso, por um funcionário americano, de parte da estrutura do consulado ou da embaixada da Rússia em Washington –o que significaria riscos para os dois governos.

MUDANÇAS NA EQUIPE

Os desdobramentos da investigação do FBI sobre a Rússia também estariam fazendo Trump considerar mudanças em sua equipe mais próxima, com a convocação de três ex-assessores de campanha, segundo o "Wall Street Journal".

Corey Lewandowski e David Bossie, ex-assessores de campanha, poderiam ser chamados pelo presidente para lidar com a crise envolvendo a investigação. David Urban, outro membro da equipe de campanha, estaria sendo considerado para um alto posto na Casa Branca.

Advogados também poderiam ser contratados para acompanhar a investigação.

Outra mudança aventada, segundo o jornal, é a saída do porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. Os rumores sobre a insatisfação de Trump com Spicer e de sua substituição pela vice-porta-voz, Sarah Sanders, não são novos e já viraram motivo de piada no programa humorístico "Saturday Night Live".

Durante a visita de Trump ao Vaticano, no entanto, assessores teriam se surpreendido com o fato de o presidente cortar, na última hora, Spicer -o único católico praticante de sua equipe- do encontro com o papa Francisco.

Há ainda a possibilidade de contratação de um time de advogados para filtrar as mensagens que Trump escreve antes que elas sejam publicadas em sua conta no Twitter.

"A ideia, afirmou um dos assessores de Trump, é criar um sistema em que os tuítes 'não vão da cabeça do presidente direto para o universo'", escreve o WSJ.

No entanto, é preciso saber se o presidente concordará com a última sugestão.


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