Folha de S. Paulo


Atentado matou jovens fãs de Ariana Grande e pais à espera do fim de show

Alison Howe, 45, e Lisa Lees, 47, eram boas amigas, assim como suas filhas, que na segunda (22) foram juntas ao show de Ariana Grande. Às 22h30, as duas esperavam as meninas, de 15 anos, saírem da apresentação na Manchester Arena quando foram surpreendidas por uma explosão e morreram no local.

Suas filhas sobreviveram.

Howe e Lees estão na lista dos 12 entre 22 mortos no pior atentado no Reino Unido desde 2005 cujos nomes já haviam sido divulgados até a noite desta quarta. As demais foram identificadas e as famílias, notificadas, mas a confirmação ainda levará dias.

As idades variam dos oito anos de idade de Saffie Rose Roussos, a vítima mais jovem, aos 51 da recepcionista Jane Tweddle-Taylor.

A faixa etária engloba dois principais padrões: crianças e adolescentes ou jovens que foram assistir à estrela pop americana e os pais que as acompanhavam ou as esperavam para voltar para casa.

Uma policial em dia de descanso foi uma das vítimas. Ela estava ali com o marido e seus dois filhos, que foram feridos e estão internados.

Martyn Hett, 29, não estava acompanhado pelos pais. Tampouco foi ao show com o namorado, Russell Hayward, que prestou uma homenagem a ele na quarta: "Ele deixou este mundo exatamente como viveu, no centro das atenções. Eu te amo, Martyn. Sempre amarei."

As vítimas foram lembradas nesta quarta, pelo segundo dia, em uma vigília no centro de Manchester. Balões cor de rosa foram soltos, representando os jovens mortos.

Um morador de rua escrevia mensagens no pavimento com um giz branco. "Nós somos fortes juntos", dizia um dos textos, mais tarde escondido embaixo dos pés das centenas de pessoas.

Entre elas, Mohammed Khurshad, 27, muçulmano natural do Gabão. "Esta vigília é a plataforma perfeita para rezarmos pelas vítimas e mostrarmos para a cidade que vamos ser mais fortes do que isso", disse à Folha.

Editoria de Arte/Folhapress
Editoria de Arte/Folhapress

RESIDÊNCIA

Uma cena distinta havia acontecido horas antes em uma periferia de Manchester, entre construções de tijolo.

A última grande notícia da rua Elsmore tinha sido o desaparecimento de um papagaio cinzento. Colado em um poste, um folheto pedia informações do paradeiro.

Mas a rua viveu, na quarta, sua fama instantânea: era endereço de Salman Ramadan Abedi, 22, responsável pelo ataque no show.

Os arredores de sua casa estavam cercados por faixas da polícia. Peritos de macacão branco transitavam ali.

Cinegrafistas japoneses, franceses e alemães disputavam o pouco espaço disponível para suas gravações, enquanto moradores passavam depressa, evitando o assédio.

Neville Edwards, do bairro, conversou brevemente com jornalistas, receoso com o fato de Abedi ter conseguido planejar o atentado a despeito da vigilância dos serviços de segurança. "Passou por baixo dos radares."

Donovan Kinsey, vizinho de Abedi, afirmou que o suspeito e sua família eram religiosos, porque às vezes vestiam roupas tradicionais, mas que ele também usava calça jeans e moletom —como tantos outros jovens ali.

"É um pouco chocante o que aconteceu. É um covarde atacando jovens. O que ele fez é nojento", disse.

A atenção da imprensa ao bairro, pouco movimentado, incomodava os moradores.

Uma senhora deixou sua casa, caminhou até a rua e colou um pedaço de papel em seu portão de madeira, pedindo que ninguém estacionasse. Quando a reportagem se aproximou para conversar, voltou ao pórtico murmurando "não, não".

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Onde fica - Manchester

TERROR NA EUROPA
Ataques recentes aos países do continente

Paris (13.nov. 2015)
Uma sequência de ataques a bomba e com atiradores em várias partes da cidade deixa 130 mortos. Estado Islâmico reivindica autoria

Bruxelas (22.mar.2016)
Três homens-bomba ligados ao EI se explodem no aeroporto e numa estação de metrô; 32 morrem

Nice (14.jul.2016)
No Dia da Bastilha, em mais uma ação do EI, um atirador dirigindo um caminhão atropela uma multidão à beira-mar e mata 86

Berlim (19.dez.2016)
Em ação semelhante à de Nice, motorista avança com um caminhão contra pedestres em um mercado de Natal; 12 são mortos

Londres (22.mar.2017)
Um ano após os ataques de Bruxelas, um homem atropela pedestres na ponte Westminster e esfaqueia um policial na entrada do Parlamento; 5 morrem

Estocolmo (7.abr.2017)
Novamente, um caminhão é usado para atropelar pedestres, em uma rua comercial, deixando 4 mortos


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