Folha de S. Paulo


Terrorista de Manchester visitou a Líbia e 'provavelmente' a Síria

Salman Abedi, o homem-bomba que se explodiu na segunda-feira (22) durante um concerto em Manchester, havia visitado a Líbia e "provavelmente" a Síria, informaram as autoridades nesta quarta. Com isso, aumentam as suspeitas de que o atentado no Reino Unido contou com ajuda externa.

A ministra do Interior britânica, Amber Rudd, afirmou que Abedi, 22, "provavelmente" não agiu sozinho. A polícia disse estar investigando uma "rede" terrorista.

O ataque, que ocorreu por volta das 22h30 (18h30 em Brasília) na saída de um show do show da cantora pop americana Ariana Grande, deixou 22 mortos e 64 feridos. A explosão foi causada, segundo análise preliminar, por uma bomba caseira que ao ser detonada lança pregos e estilhaços.

Abedi era conhecido das forças de segurança do país antes do atentado, mas não era considerado uma ameaça. Cidadão britânico de origem líbia, ele havia visitado o país norte-africano recentemente –a Líbia enfrenta uma insurgência de grupos radicais islâmicos desde a deposição do ditador Muammar Gaddafi, em 2011.

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O ministro do Interior francês, Gérard Collomb, afirmou que as autoridades têm informações de que o terrorista provavelmente esteve na Síria, que também registra atividade de radicais, e que ele tinha laços "comprovados" com a milícia Estado Islâmico (EI).

Na terça, o EI reivindicou o ataque contra a Manchester Arena com uma mensagem em seus canais oficiais. Não há prova, porém, de que a milícia, que controla territórios na Síria e no Iraque, tenha tido um papel real na ação.

SUSPEITOS PRESOS

A polícia britânica prendeu nesta quarta-feira na região de Manchester cinco homens por suspeita de ligação com o atentado —um deles portava um "pacote suspeito". Na terça-feira, um suspeito já havia sido preso.

Em Trípoli, capital da Líbia, a polícia anunciou nesta quarta-feira ter detido Hashem Abedi, irmão do homem-bomba, suspeito de ligação com o EI. Ramadan Abedi, pai do suspeito, também foi detido.

Mais cedo, Ramadan havia negado que seu filho Salman tenha relação com o terrorismo. "Nós não acreditamos em matar inocentes. Não somos assim", afirmou.

O governo britânico elevou o alerta de terrorismo para o nível "crítico" pela primeira vez em uma década, indicando que um novo ataque pode acontecer a qualquer momento.

A primeira-ministra Theresa May ordenou o reforço da segurança, pondo quase 1.000 soldados nas ruas do Reino Unido.

Nesta quarta-feira, militares eram vistos protegendo pontos movimentados como o Parlamento britânico e o Palácio de Buckingham, em Londres. Em Manchester, porém, nenhum soldado foi mobilizado.

Tuíte

Por causa do ataque, a campanha das eleições parlamentares de 8 de junho foi suspensa, devendo ser retomada nos próximos dias.

Em nota, a comunidade líbia de Manchester condenou o atentado. "Este ataque foi um ataque contra todos nós. Esses atos depravados não têm embasamento no islã. Todos os responsáveis por destruir de maneira estúpida as vidas de pessoas inocentes não merecem viver em nossa comunidade e deveriam estar atrás das grades."

O atentado a Manchester é o pior no país desde o ataque contra o sistema de transporte público de Londres em 2005, que deixou 52 mortos.

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TERROR NA EUROPA
Ataques recentes aos países do continente

Paris (13.nov. 2015)
Uma sequência de ataques a bomba e com atiradores em várias partes da cidade deixa 130 mortos. Estado Islâmico reivindica autoria

Bruxelas (22.mar.2016)
Três homens-bomba ligados ao EI se explodem no aeroporto e numa estação de metrô; 32 morrem

Nice (14.jul.2016)
No Dia da Bastilha, em mais uma ação do EI, um atirador dirigindo um caminhão atropela uma multidão à beira-mar e mata 86

Berlim (19.dez.2016)
Em ação semelhante à de Nice, motorista avança com um caminhão contra pedestres em um mercado de Natal; 12 são mortos

Londres (22.mar.2017)
Um ano após os ataques de Bruxelas, um homem atropela pedestres na ponte Westminster e esfaqueia um policial na entrada do Parlamento; 5 morrem

Estocolmo (7.abr.2017)
Novamente, um caminhão é usado para atropelar pedestres, em uma rua comercial, deixando 4 mortos


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