Folha de S. Paulo


Pais vão a hotéis e hospitais atrás de filhos desaparecidos em Manchester

Com seus filhos desaparecidos desde a explosão no show de Ariana Grande, pais circulavam desesperados nesta terça (23) entre os hotéis e hospitais de Manchester.

Apenas 3 das 22 vítimas tinham sido identificadas até o fim do dia, aumentando a ansiedade de quem não tinha notícia de seus parentes. O mesmo valia para jovens que não conseguiam encontrar os pais, com quem estavam no show.

Darren Staples/Reuters
Mulher é consolada enquanto chora durante vigília às vítimas da explosão em Manchester nesta terça
Mulher é consolada enquanto chora durante vigília às vítimas da explosão em Manchester nesta terça

Famílias recorreram à hashtag #MissingInManchester (desaparecido em Manchester) na rede social Twitter. Uma hashtag é uma ferramenta que permite rastrear as mensagens marcadas, criando debates públicos.

Fotografias de crianças e adolescentes desaparecidos eram distribuídas para que fossem compartilhadas. Uma linha telefônica foi criada para reunir mais informações.

Uma das jovens procuradas era Olivia Campbell, 15. Natural de Manchester, ela desapareceu durante o show. "O telefone dela está desligado. Se alguém a vir, entre em contato. Dê seu telefone a ela e deixe que me ligue. Eu só quero ela em casa", escreveu sua mãe.

Agnes Berman também estava no show com os filhos. Ela descreveu o momento da explosão à Folha. "Foi um estrondo muito alto. Pensei que pudesse ser pirotecnia. Não quis assustar as crianças, então fiquei dizendo a elas que as pessoas estavam em pânico sem razão."

Aquele era seu primeiro show nos últimos dez anos, e o primeiro da vida de sua filha —seu presente de Natal. "Não pensei que isso pudesse acontecer em um show para crianças, numa segunda à noite", disse.

Berman conseguiu correr para a rua e encontrar seu marido, que viera de carro para buscar a família. Mas, entre as perguntas de seus filhos, enfrentou um novo desafio: explicar-lhes o ocorrido.

"Foi muito difícil. Eu estava com medo de dizer a eles que 22 pessoas tinham morrido", conta. "Eles foram dormir torcendo para nenhum de seus conhecidos ser uma das vítimas."

VIGÍLIA

A Prefeitura disponibilizou um livro de condolências, assinado pela primeira-ministra, Theresa May, e organizou uma vigília no centro da cidade. Milhares de pessoas participaram, carregando cartazes pedindo mais tolerância. A cidade, com circulação reduzida de transporte público, era marcada por painéis eletrônicos com a mensagem "We <3 MCR". Nós amamos Manchester.

"Passei a noite acordada, na internet, oferecendo ajuda a desconhecidos", afirmou à Folha Tria Hall, 31, que ofereceu um quarto a quem não tinha conseguido voltar para casa em meio ao tumulto da madrugada.

Os bancos de sangue na cidade tiveram aumento da oferta de voluntários a ponto de ficarem completamente abastecidos. Taxistas transportavam pessoas sem cobrar a corrida. Uma associação de barbeiros, vista pela reportagem, distribuía garrafas d'água e barras de chocolate gratuitamente.

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TERROR NA EUROPA
Ataques recentes aos países do continente

Paris (13.nov. 2015)
Uma sequência de ataques a bomba e com atiradores em várias partes da cidade deixa 130 mortos. Estado Islâmico reivindica autoria

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Três homens-bomba ligados ao EI se explodem no aeroporto e numa estação de metrô; 32 morrem

Nice (14.jul.2016)
No Dia da Bastilha, em mais uma ação do EI, um atirador dirigindo um caminhão atropela uma multidão à beira-mar e mata 86

Berlim (19.dez.2016)
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Londres (22.mar.2017)
Um ano após os ataques de Bruxelas, um homem atropela pedestres na ponte Westminster e esfaqueia um policial na entrada do Parlamento; 5 morrem

Estocolmo (7.abr.2017)
Novamente, um caminhão é usado para atropelar pedestres, em uma rua comercial, deixando 4 mortos


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