Folha de S. Paulo


Investigação de ataque em Manchester deve começar por bomba sofisticada

A explosão que deixou ao menos 22 mortos em Manchester foi causada, segundo as primeiras informações circuladas, por uma bomba potencializada por estilhaços.

Os ataques mais recentes na Europa, porém, tinham sido atropelamentos —mais fáceis de organizar, e dificílimos de impedir. Foi o caso de Nice, com 86 mortos, e também de Berlim, com 12.

Que o autor desse incidente tenha tido acesso a uma bomba com essa sofisticação deverá ser a primeira e principal pergunta nas investigações, que por ora tratam a ação como um atentado.

Ele poderia ter sido ensinado a construir o artefato, o que indica seu contato com alguém experiente, talvez após retornar da Síria ou do Iraque. Deveria ter sido rastreado.

Se aprendeu sozinho, é uma situação excepcional. Não são equipamentos simples. Por outro lado, uma edição da "Inspire", revista oficial da rede terrorista Al Qaeda, trouxe há alguns anos um passo a passo para montar esse tipo de explosivo com estilhaços.

Um terceiro cenário, citado pela emissora britânica BBC, é aquele em que o autor do atentado recebeu a bomba de uma terceira pessoa. É a pior opção aos serviços de segurança, porque indica que há alguém às soltas capaz de construir explosivos e que escapou dos radares.

SOFISTICAÇÃO

O ataque a Manchester, se confirmado como terrorista, é o pior do tipo desde o atentado ao metrô de Londres em 2005, que teve 52 mortos.

A raridade da ação está relacionada à sofisticação de seu planejamento, com o crescente monitoramento da compra de componentes para a feitura de explosivos.

"A maior parte das pessoas que vimos serem levadas a julgamento não são capazes desse tipo de incidente", informou a BBC, que tem uma equipe monitorando os ataques realizados e também os frustrados que chegam à atenção do público. É raro, segundo a rede britânica, que um terrorista tenha a habilidade técnica e de organização necessárias para tal.

"A maior parte dos terroristas desiste de um ataque a bomba já nas etapas iniciais. Percebem que é muito difícil." Eles podem, por exemplo, morrer durante a preparação.

Por essa razão Khalid Masood decidiu dirigir contra pedestres na ponte de Westminster, quando recentemente tentou atacar o Parlamento britânico. O próprio Estado Islâmico sugere essa mesma estratégia mais de uma vez em sua propaganda oficial.


Endereço da página:

Links no texto: