Folha de S. Paulo


Nas redes sociais, pais buscam filhos sumidos após ataque em Manchester

Na manhã seguinte à explosão que deixou ao menos 22 mortos em um show da cantora americana Ariana Grande em Manchester, no Reino Unido, um exército de pais buscava seus filhos desaparecidos no incidente, tratado pelas autoridades britânicas como um atentado terrorista.

Famílias recorriam à hashtag #MissingInManchester (desaparecido em Manchester) na rede social Twitter. Uma hashtag é uma ferramenta que permite rastrear as mensagens marcadas.

Fotografias de crianças e adolescentes desaparecidos eram circuladas para que fossem compartilhadas, auxiliando nas buscas. Uma linha telefônica foi criada para reunir mais informações.

Uma das jovens procuradas é Olivia Campbell, 15, com apelos de sua família. Natural de Manchester, ela desapareceu durante o concerto. "O telefone dela está desligado. Há tanta gente buscando ela. Se alguém a vir, entre em contato. Dê seu telefone para ela e deixe que me ligue. Eu só quero ela em casa", escreveu sua mãe.

Agnes Berman também estava no show com seus filhos. Ela narrou o momento à Folha. "Foi um som bastante alto. Pensei que pudesse ser pirotecnia. Não quis assustar minhas crianças, então fiquei dizendo a elas que as pessoas estavam em pânico sem razão."

Tuíte

VIGÍLIA

A prefeitura abriu um livro de condolências e deve organizar uma vigília nesta noite. Há buscas por familiares também nos hospitais da região. Os feridos estão sendo tratados em oito instituições, de acordo com o chefe da polícia de Manchester. Segundo um médico do serviço de ambulâncias local, 12 dos 59 feridos levados para o hospital têm menos de 16 anos.

Os bancos de sangue na cidade registraram uma alta na oferta de voluntários, ao ponto em que já estão completamente abastecidos. Há agendamento completo de doações para todo o dia.

A primeira vítima identificada no ataque foi Georgina Callander, 18. A segunda vítima confirmada tinha apenas oito anos.

Quem foi impedido de voltar para casa durante a emergência pôde se hospedar com desconhecidos que ofereciam quartos por meio das redes sociais. Taxistas também transportavam pessoas sem cobrar a corrida.

A primeira-ministra Theresa May afirmou na manhã de terça-feira que "todos os ataques terrorista são terríveis, mas este se destaca pela covardia".

Ariana Grande

DETALHES

A milícia radical Estado Islâmico reivindicou nesta terça-feira a ação em uma mensagem que, no entanto, não apresentou nenhuma evidência de sua participação real. É possível, como em outros casos no passado, que o autor tenha agido sozinho e agora a facção terrorista tente se beneficiar da atenção na mídia, que é uma parte importante de sua estratégia para recrutar militantes.

A explosão ocorreu na Manchester Arena por volta das 22h30 do horário local (às 18h30 em Brasília). O ataque ocorreu quando o show de Ariana Grande, popular entre jovens, já estava no fim. Alguns pais se dirigiam à saída com os seus filhos.

Testemunhas narraram um forte som e, na sequência, a plateia correu desesperada rumo às saídas. A Manchester Arena tem capacidade para 21 mil pessoas.

A polícia trabalha com a hipótese de que o responsável tenha morrido no local. As investigações buscam entender, agora, se ele atuava sozinho ou se era parte de uma organização maior.

Há, em um primeiro momento, críticas à segurança na casa de espetáculos. Surgiram relatos de que mochilas não foram revistadas.

A empresa responsável pelo local, no entanto, disse que a segurança "é rígida como em qualquer lugar nos Estados Unidos". A explosão supostamente ocorreu em uma área externa, onde pais esperavam os seus filhos.

A segurança no restante do país será incrementada, segundo um anúncio das autoridades britânicas, com um maior contingente policial deslocado para Londres.

O governo, no entanto, não planeja elevar o nível de alerta para "crítico". O índice está em "severo", o quarto mais alto, desde 2014. A elevação só é feita quando há risco imediato de um ataque.

Onde fica - Manchester

CAMPANHA

A campanha das eleições parlamentares de 8 de junho foram suspensas após a explosão. O gesto é raro, e ocorreu poucas vezes no passado. Os últimos casos foram em 2016, depois da morte da deputada Jo Cox durante comícios do "brexit", e 2005, na sequência da morte do papa João Paulo 2º.

Houve diversas demonstrações internacionais de repúdio ao ataque, incluindo uma mensagem do premiê espanhol, Mariano Rajoy. Ele enviou suas condolências.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse estar triste e em choque. "As pessoas no Reino Unido podem estar convencidas de que a Alemanha está do lado delas."

O presidente americano, Donald Trump, comentou o ocorrido durante sua viagem a Belém, na Cisjordânia. "Mantemos nossa absoluta solidariedade com o povo do Reino Unido". Ele descreveu os responsáveis pela ação como "perdedores malvados".

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TERROR NA EUROPA
Ataques recentes aos países do continente

Paris (13.nov. 2015)
Uma sequência de ataques a bomba e com atiradores em várias partes da cidade deixa 130 mortos. Estado Islâmico reivindica autoria

Bruxelas (22.mar.2016)
Três homens-bomba ligados ao EI se explodem no aeroporto e numa estação de metrô; 32 morrem

Nice (14.jul.2016)
No Dia da Bastilha, em mais uma ação do EI, um atirador dirigindo um caminhão atropela uma multidão à beira-mar e mata 86

Berlim (19.dez.2016)
Em ação semelhante à de Nice, motorista avança com um caminhão contra pedestres em um mercado de Natal; 12 são mortos

Londres (22.mar.2017)
Um ano após os ataques de Bruxelas, um homem atropela pedestres na ponte Westminster e esfaqueia um policial na entrada do Parlamento; 5 morrem

Estocolmo (7.abr.2017)
Novamente, um caminhão é usado para atropelar pedestres, em uma rua comercial, deixando 4 mortos


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