Folha de S. Paulo


Explosão após show de Ariana Grande deixa 22 mortos em Manchester

Ariana Grande

Uma dupla explosão ao fim de um show da cantora pop americana Ariana Grande em Manchester, no Reino Unido, deixou ao menos 22 mortos e 59 feridos na noite desta segunda (22).

A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse na manhã desta terça (23) que a polícia acredita que o ataque foi feito por um homem-bomba sozinho usando um explosivo caseiro.

"Este ataque se destaca por sua covardia doentia e pavorosa, tendo como alvo deliberado crianças indefesas e inocentes e jovens que deveriam estar aproveitando uma das noites mais memoráveis de suas vidas", declarou May, que visitará nesta terça o local.

As autoridades acreditam que se trata de um ataque terrorista, apesar de ainda não haver confirmação. A milícia radical Estado Islâmico reivindicou nesta terça-feira a ação em uma mensagem que, no entanto, não apresentou nenhuma evidência de sua participação real.

"Um soldado do califado conseguiu colocar explosivos em meio a uma reunião dos cruzados na cidade britânica de Manchester", disse um comunicado da milícia.

É possível, como em outros casos no passado, que o autor tenha agido sozinho e agora a facção terrorista tente se beneficiar da atenção na mídia, que é uma parte importante de sua estratégia para recrutar militantes.

O homem-bomba foi identificado como Salman Abedi, 22.

Foi o pior ataque a bomba no Reino Unido desde os atentados no transporte público de Londres, em 2005, que deixaram 52 mortos e mais de 700 feridos.

Segundo testemunhas, os dois estrondos foram ouvidos às 22h35 (18h35 em Brasília) quando a cantora terminava sua apresentação na Manchester Arena para 20 mil espectadores, em sua maioria crianças e adolescentes.

As primeiras vítimas identificadas são uma estudante de 18 anos e uma menina de oito anos. Segundo um médico do serviço de ambulâncias local, 12 dos 59 feridos levados para o hospital têm menos de 16 anos. Não há brasileiros entre os feridos, informou o Itamaraty.

A cantora não se feriu e declarou mais tarde estar "despedaçada", "sentida" e "sem palavras".

A administração do ginásio informou que a explosão ocorreu do lado de fora. Vídeos nas redes sociais mostram o desespero dos espectadores deixando o local às pressas e a chegada de policiais e ambulâncias ao local.

Ariana Grande 2

Ariana Grande 3

Em um deles, adolescentes gritam enquanto correm em meio a balões cor-de-rosa. "As luzes já estavam acesas então sabíamos que aquilo não era parte do show", afirmou Erin McDougle, 20, ao jornal "The Guardian".

"Veio o estrondo, depois a fumaça subindo pelos degraus e todo mundo estava gritando. Tinha umas 30 pessoas no chão, algumas delas você percebia que tinham morrido", disse a espectadora Kiera Dawber à CNN.

Do lado de fora, moradores dos prédios vizinhos desceram depois que ouviram a explosão. Alguns deles ofereceram suas casas para os espectadores que não conseguiram voltar devido ao fechamento da rede ferroviária. Taxistas também ofereceram corridas de graça.

Horas depois da explosão, pais, parentes e amigos usavam as redes sociais para buscar crianças e adolescentes que foram ao show e continuavam desaparecidos.

"Meu filho estava na Manchester Arena. Ele não atende o telefone! Por favor, me ajudem", disse o usuário Deplorable MrsK, que publicou a foto de um adolescente em mensagem no Twitter.

Paula Robinson, 48, estava em uma estação de trem próxima ao ginásio quando sentiu a explosão e, em seguida, viu dezenas de meninas correndo. Ela levou o grupo a um hotel próximo, que virou um ponto de encontro.

Horas depois, a polícia fez a explosão controlada de uma bolsa suspeita achada em um jardim perto da arena, mas nela só havia roupas.

SOLIDARIEDADE

A rainha Elizabeth 2ª disse nesta terça-feira que "a nação inteira está chocada" com o ataque. "Sei que falo por todo mundo ao expressar minha empatia mais profunda com todos os que foram afetados por esse evento horrível", afirmou.

Os governos da Alemanha e da França enviaram mensagens de condolências às vítimas e ofereceram apoio ao governo do Reino Unido.

O presidente dos EUA, Donald Trump, durante viagem a Israel, disse que os responsáveis pelos ataques são "perdedores perversos", e disse estar solidário ao povo do Reino Unido.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, também demonstrou apoio aos britânicos.

Putin

INVESTIGAÇÕES

Dentre os investigadores, estão agentes antiterrorismo e do MI5, serviço secreto interno do Reino Unido. Em nota, o Departamento de Segurança Doméstica dos EUA informou que "reforçará a segurança" em lugares públicos no território americano.

O presidente da Câmara de Vereadores de Manchester, Richard Leese, disse que a explosão não abalará a cidade: "Manchester é uma cidade orgulhosa e forte. Não permitiremos que aqueles que buscam a divisão e o medo alcancem seus objetivos".

Manchester tem meio milhão de habitantes e é a principal cidade do noroeste industrial do Reino Unido, no centro da segunda maior área urbana do país.

O Reino Unido está no segundo nível mais alto de alerta terrorista, indicando que um ataque é altamente provável. Em março, um homem matou três pessoas e feriu 40 em Londres. Khalid Masood, 52, havia se convertido ao islamismo e se radicalizado na própria Inglaterra. Ele foi baleado e morto na ação.

Onde fica - Manchester

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TERROR NA EUROPA
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