Folha de S. Paulo


Trump diz que é vítima da maior 'caça às bruxas' a um político americano

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (18) que é alvo da "maior caça às bruxas" da história do país, após a indicação de um conselheiro especial para investigar a ligação de membros de sua equipe com a Rússia durante a campanha eleitoral.

"Esta é a maior caça às bruxas a um político na história americana", escreveu o republicano no Twitter. "Com todos os atos ilegais da campanha de Clinton e do governo de Obama, nunca um conselheiro especial foi indicado!"

Kevin Lamarque/Reuters
President Donald Trump pumps his fist as he addresses the graduating class of the U.S. Coast Guard Academy during commencement ceremonies in New London, Connecticut, U.S. May 17, 2017. REUTERS/Kevin Lamarque TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: WAS483
Trump em discurso na academia da Guarda Costeira nesta quinta (18)

A frase foi repetida horas depois em entrevista coletiva ao lado do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, na Casa Branca. Na ocasião, Trump repetiu que não houve contatos com o governo russo —acusado de ter interferido nas eleições para favorecer o republicano— durante a campanha.

"Não houve conluio, e todo mundo, inclusive os meus inimigos, disseram que não houve conluio", disse, completando que as revelações e acusações contra ele "dividem o país". "Temos um país muito dividido por causa disso e de outras coisas."

Trump ainda respondeu de forma ríspida ao ser questionado se pediu ao ex-diretor do FBI James Comey que encerrasse a investigação sobre Michael Flynn, seu conselheiro de Segurança Nacional no início do governo: "Não. Não. Próxima pergunta".

Na última terça-feira (16), o "New York Times" revelou que Comey escreveu um memorando no qual descreve o pedido feito por Trump para "deixar para lá" o caso de Flynn. Comey, que estava à frente da investigação sobre os possíveis elos de assessores de Trump com Moscou, foi demitido no último dia 9.

O governo justificou a decisão com base em uma carta do vice-secretário de Justiça, Rod Rosenstein, afirmando que o ex-diretor errou ao não recomendar, em 2016, o indiciamento da ex-secretária de Estado Hillary Clinton pelo uso indevido de e-mails.

Numa sessão fechada no Senado nesta quinta, no entanto, Rosenstein disse que sabia que Trump planejava demitir Comey antes mesmo de escrever a carta apontando as razões para sua saída. A informação foi revelada por senadores democratas aos jornalistas.

Rosenstein foi o responsável por apontar o ex-diretor do FBI Robert Mueller para ser o conselheiro especial na investigação sobre Rússia, após intensa pressão da oposição. A decisão do vice-secretário de Justiça, que não precisa do aval da Casa Branca, foi informada a Trump pouco antes de ser anunciada à imprensa, na quarta.

Segundo Rosenstein, nas atuais circunstâncias, que seriam "únicas", "o interesse público exige que eu ponha a investigação sob a supervisão de uma autoridade independente".

NOVO DIRETOR

Trump defendeu, nesta quinta, a demissão de Comey, repetindo que esperava ter tido o apoio da oposição.

"Quando tomei essa decisão, achei que seria uma decisão bipartidária, se você olhar todas as pessoas do lado democrata que diziam coisas terríveis sobre o diretor Comey", disse.

O presidente afirmou que "em muito breve" anunciará o novo diretor do FBI (polícia federal americana) e que os agentes e funcionários do órgão ficarão "muito, muito entusiasmados" com o nome escolhido por ele.

Nesta quinta, a imprensa americana divulgou que o nome mais cotado hoje é o do ex-senador por Connecticut Joseph Lieberman, um democrata que chegou a disputar a eleição em 2000 como vice na chapa de Al Gore.

Questionado se Lieberman estava entre os finalistas, Trump apenas respondeu que "sim".

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