Folha de S. Paulo


Ex-diretor do FBI é indicado para chefiar inquérito sobre Rússia

J. Scott Applewhite - 19.jun.2013/Associated Press
In this June 19, 2013, file photo, former FBI Director Robert Mueller testifies on Capitol Hill in Washington. On May 17, 2017, the Justice Department said is appointing Mueller as special counsel to oversee investigation into Russian interference in the 2016 presidential election. (AP Photo/J. Scott Applewhite, File) ORG XMIT: WX121
Ex-diretor do FBI Robert Mueller em foto de 2013

As pressões de democratas pela nomeação de um promotor especial para investigar o envolvimento da Rússia nas eleições americanas foram atendidas. O Departamento de Justiça escolheu nesta quarta (17) o ex-diretor do FBI Robert Mueller para a função.

Segundo Rod Rosenstein, vice-secretário de Justiça, a decisão "não representa uma constatação de que crimes foram cometidos". Ele justificou a decisão dizendo que, nas atuais circunstâncias, que seriam "únicas", "o interesse público exige que eu ponha a investigação sob a supervisão de uma autoridade independente".

Desde que Donald Trump demitiu o diretor do FBI, James Comey, cresceram as reivindicações da oposição e de setores da mídia para que o inquérito fosse acompanhado por alguém de fora da cadeia de comando, como garantia mínima de que não haveria ingerência indevida.

Mueller atuou como diretor do FBI de 2001 a 2013, sob governos democratas e republicanos. É visto como confiável e apegado às leis. Embora o indicado vá se reportar ao Departamento de Justiça e, em última instância, a Trump, a expectativa é que tenha autonomia para exercer a supervisão do inquérito.

Também nesta quarta, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu-se para revelar as supostas informações sigilosas sobre a milícia Estado Islâmico que Trump teria compartilhado com ele –conforme revelou reportagem do jornal "Washington Post". O líder russo declarou que não há nada de especial nos dados compartilhados e classificou a notícia de "disparate e lixo".

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Trump e Rússia

TODOS OS ROLOS DO PRESIDENTE
Donald Trump tem colecionado ações questionáveis desde o início de seu mandato na Casa Branca, em janeiro

Suspeita de intervenção russa na eleição
> Agências de inteligência dos EUA acreditam que o líder russo Vladimir Putin tenha ordenado que hackers penetrassem nos sistemas do Comitê Nacional Democrata e distribuíssem notícias falsas; Putin nega
> O ex-chefe da campanha de Trump, o lobista Paul Manafort, trabalhou secretamente para um empresário russo há dez anos para promover Putin

Michael Flynn
> Ex-conselheiro de Segurança Nacional, renunciou depois de a imprensa revelar que ele mentiu ao vice-presidente Pence sobre os contatos que manteve com o embaixador russo nos EUA
> Flynn também é suspeito de ter recebido pagamentos dos governos russo e turco por lobby; por ser um ex-integrante do Exército, a lei impede que Flynn aceite pagamentos de estrangeiros

James Comey
> O ex-diretor do FBI liderava investigação sobre o elo entre auxiliares de Trump com a Rússia; dias antes de ser demitido, ele havia pedido mais recursos para a apuração
> Ele foi demitido por Trump no último dia 9; a Casa Branca afirmou que o presidente seguiu recomendação do secretário e do vice-secretário da Justiça
> Dois dias depois, o "New York Times" afirmou que, em um jantar em janeiro, Trump pediu a "lealdade" de Comey, que respondeu prometendo "honestidade"
> Na terça (16), o "NYT" revelou que Trump pediu a Comey, em fevereiro, que encerrasse a investigação sobre Flynn; o registro do pedido estaria em um memorando escrito por Comey

Informações para os russos
> Também nesta semana, o "Washington Post" informou que Trump teria revelado informação confidencial ao chanceler russo, Sergei Lavrov, em uma conversa na semana passada, na Casa Branca
> A informação sobre uma ameaça do Estado Islâmico teria sido repassada sem a permissão da fonte (Israel, segundo o "NYT"), e poderia comprometer a segurança de um colaborador dos EUA na região
> Trump reagiu dizendo que tem o "direito absoluto" de compartilhar informações com a Rússia; a Casa Branca alegou que os dados não eram secretos
> O presidente Putin disse nesta quarta (17) que poderia fornecer a transcrição da conversa entre Trump e Lavrov se os EUA autorizarem


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