Folha de S. Paulo


Taiwan tentar ampliar presença de imigrantes para alavancar crescimento

Oliver Forstner - 4.jan.2015/Alamy Stock Photo
Calçadão na capital de Taiwan; governo local pretende atrair imigrantes para impulsionar crescimento
Calçadão na capital de Taiwan; governo local pretende atrair imigrantes para impulsionar crescimento

Enquanto alguns países dificultam a entrada de imigrantes, Taiwan aposta em estrangeiros, especialmente do sul e do Sudeste Asiático, e planeja reforçar laços com os vizinhos para crescer.

O plano de promoção de políticas desenvolvido pelo governo da ilha prevê, entre outros pontos, esforços para expandir parcerias bilaterais, ampliar intercâmbio de estudantes e estimular o comércio e o turismo –o que inclui um "ambiente amigável" no caso de muçulmanos vindos da região ou incentivo ao ecoturismo para quem viaja em família, por exemplo.

Dados do governo mostram que, em 2015, cerca de 650 mil estrangeiros viviam na ilha –2,76% dos 23,5 milhões de habitantes.

A maioria dos imigrantes é da Indonésia (220 mil), do Vietnã (160 mil), das Filipinas (120 mil) e da Tailândia (65 mil) e há, entre eles, muitos trabalhadores.

A ideia é fazer com que essas pessoas tenham certificação, além de oferecer incentivos e promover um fluxo bidirecional de profissionais. Segundo a proposta, uma primeira geração de imigrantes poderia aproveitar sua cultura para obter trabalho ligado ao ensino de idiomas ou ao turismo. Para a segunda geração, o programa sugere que universidades mantenham currículos apropriados e deem prioridade a alunos de línguas do Sudeste Asiático.

Por mais visitantes, com finalidade de turismo ou negócios, o governo taiwanês anunciou no mês passado que vai flexibilizar as regras de visto a partir de junho para moradores desses países abrangidos pelo programa.

O plano, de longo prazo, foi elaborado no ano passado com base em diretrizes da presidente Tsai Ing-wen, primeira mulher a governar Taiwan –e que assumiu o cargo há um ano. A proposta também quer expandir bolsas e elevar em 20% ao ano o número de estudantes de fora.

Em 2015/16, eram cerca de 28 mil alunos, sendo quase 15 mil da Malásia, 4.400 da Indonésia e 4.000 do Vietnã, entre outros países.

Nesse caso, o objetivo é fazer com que esses estudantes permaneçam na ilha e usem no mercado de trabalho os conhecimentos adquiridos.

DIÁLOGO

Taiwan –também chamada de ilha Formosa e, oficialmente, República da China– é considerada "província rebelde" por Pequim e funciona como país autônomo.

Apesar de manter relações diplomáticas com apenas 22 nações, realiza negócios, exportações e importações mundialmente, inclusive com a China continental.

A proposta elaborada pelo governo quer elevar diálogos com 18 países –os dez da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), do sul da Ásia, Nova Zelândia e Austrália– e tentar associar recursos e tecnologias para alavancar a economia na região.

Segundo John Deng, ministro sem pasta taiwanês –cargo que abrange diversas áreas–, essa política quer fortalecer laços em todas as áreas, com intercâmbios e cooperação regional.

Ao explicar o plano a jornalistas estrangeiros, Deng afirmou que o objetivo não é apenas fazer negócio com o país vizinho, mas manter elo com ele, e ressaltou que "há boas oportunidades de negócios" em Taiwan.
"Eles são importantes para nós. Nós nos preocupamos com eles", disse o ministro sobre os potenciais parceiros.

A repórter viajou a convite do governo de Taiwan


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