Folha de S. Paulo


Defensor de diálogo com Pyongyang é eleito presidente da Coreia do Sul

Moon Jae-in, 64, político veterano na luta pelos direitos humanos e favorável a uma aproximação com a Coreia do Norte, venceu nesta terça-feira (9) com folga a eleição presidencial na Coreia do Sul.

Favorito nas pesquisas e candidato do Partido Democrático, Moon, de centro-esquerda, obteve 41% dos votos, de acordo com a comissão nacional eleitoral.

O conservador Hong Joon-Pyo ficou com 24% dos votos, seguido pelo centrista Ahn Cheol-Soo, com 22%.

As eleições ocorreram em um clima político marcado pelo escândalo de corrupção que resultou no impeachment da então presidente Park Geun-hye e pela tensão com a Coreia do Norte.

O resultado foi "uma grande vitória de um grande povo" que deseja criar "um país justo (...) onde as normas e o senso comum prevaleçam", disse Moon ao saudar seus simpatizantes na praça Gwanghwamun de Seul.

O comparecimento do eleitorado foi de 77,2%, o maior em 20 anos, mas aquém da marca esperada de 80%.

Após o escândalo envolvendo Park, Moon prometeu que será "o presidente de todos os sul-coreanos".

O enorme caso de corrupção de corrupção envolvendo Park, que atingiu inclusive a empresa Samsung, catalisou as frustrações da população sul-coreana a respeito das desigualdades, da economia e do desemprego no país.

A crise fez com que todos os candidatos prometessem reformas para aumentar a integridade no país.

DESAFIOS

A vitória de Moon —que havia sido derrotado por Park em 2012 por pequena margem—, significa uma alternância política à frente do país após dez anos de governos conservadores.

Sua eleição pode representar ainda uma relevante mudança de política em relação à Coreia do Norte e ao aliado e protetor Estados Unidos.

Durante a campanha, o presidente eleito defendeu em seu programa de governo uma política de "interesse nacional em primeiro lugar".

Num livro escrito por Moon e publicado em janeiro deste ano, ele afirmou que a Coreia do Sul precisa aprender a dizer "não à América".

Já nesta terça, disse que Seul deveria assumir um papel diplomático mais ativo para conter a ameaça nuclear da Coreia do Norte e não assistir de braços cruzados como os Estados Unidos e a China discutem a questão.

Poucas vezes a tensão foi tão grande na península coreana pelo temor de um novo teste nuclear do regime comunista de Pyongyang.

O novo presidente terá ainda que trabalhar para combater a desaceleração econômica, a crescente desigualdade, a alta do desemprego, em especial entre os jovens, e a estagnação dos salários.

De acordo com um estudo do Fundo Monetário Internacional produzido em 2016, 10% dos sul-coreanos mais ricos têm 50% da renda de toda a população.

A Casa Branca parabenizou o novo mandatário. "Esperamos trabalhar com o presidente eleito Moon para continuar fortalecendo a aliança entre Estados Unidos e a República da Coreia", disse o secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, em comunicado.


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