Folha de S. Paulo


Sistema eleitoral da França prevê campanha e transição a jato

Emmanuel Macron venceu as eleições francesas, mas não terá tempo para comemorar. À frente de um partido estreante, o presidente eleito enfrenta um cronograma inclemente.

Ele toma posse no domingo (14), cinco dias antes do prazo para inscrever seus candidatos ao Legislativo —essencial para que possa governar.

Macron volta a fazer campanha oficialmente no dia 22 e, em 11 de junho, disputa o primeiro turno legislativo. A segunda rodada acontece um final de semana depois, determinando os próximos cinco anos de seu governo.

Só então, o presidente eleito saberá se tem a maioria na Assembleia Nacional, com que poderá ou não aprovar suas reformas.

Esse calendário remonta a 2002, quando as eleições presidenciais e legislativas passaram a ser realizadas em um mesmo ano. Isso é como uma maneira de evitar o que se chama, na França, de coabitação: quando o presidente vem de um partido distinto da maioria do Parlamento.

Editoria de Arte/Folhapress

Eleições na França - Resultado geral, em % dos votos

Antes de 2002, o presidente francês governava por sete anos. Isso fazia com que as legislativas fossem realizadas no meio de seu mandato, com um grande impacto no governo. Hoje o presidente governa por cinco anos.

Não houve desde 2002 nenhuma coabitação. A última foi justamente a do presidente conservador Jacques Chirac e seu premiê, o socialista Lionel Jospin, que mudaram a regra.

Mas é possível que Macron viva esse modelo, se não conseguir a maioria nas eleições de junho.

Um estudo publicado na segunda (8) pelo jornal "Figaro" mostrou que apenas 34% dos entrevistados esperavam que o presidente eleito tivesse a maioria para governar —49% preferem que ele governe com premiê de outro partido.

Essa expectativa é explicada porque parte dos eleitores escolheram Macron apenas para impedir a vitória da ultranacionalista de direita Marine Le Pen. Eles podem escolher votar em outros movimentos políticos em junho.


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