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Discreto, namorado de Le Pen rejeita mudança para Palácio do Eliseu

Reprodução/Twitter
Le Pen beija o namorado, Louis Aliot, 47, um dos vice-presidentes da Frente Nacional
Le Pen beija o namorado, Louis Aliot, 47, um dos vice-presidentes da Frente Nacional

Filha do fundador da Frente Nacional (FN) e sucessora do pai à frente do partido ultranacionalista francês, Marine Le Pen, 48, encontrou o amor, veja só, dentro da legenda.

Após ter tido dois casamentos com homens ligados ao partido, a candidata a presidente tem hoje como companheiro Louis Aliot, 47, um dos vice-presidentes da FN.

Ele foi assistente de Le Pen no Parlamento Europeu, onde desde 2004 ela ocupa uma das vagas que representam a França. Dez anos depois, Aliot elegeu-se eurodeputado.

De perfil discreto, o parlamentar foca questões regionais do sudoeste francês. Vive em Perpignan, próximo da fronteira com a Espanha, no Mediterrâneo.

O relacionamento com a líder da ultradireita é à distância, já que ela vive com os três filhos do primeiro casamento nas cercanias de Paris.

Aliot, que não se casou com Le Pen, descartou se mudar para o Palácio do Eliseu, residência oficial e sede da Presidência francesa, caso a namorada se eleja.

"Pelo respeito às instituições, entendo que só pode existir um centro de poder, e que esse centro não deve ser submetido a influência privada. Seria um incômodo para ela, tentariam armadilhas para mim para colocá-la em dificuldade. A única solução é que eu desapareça", disse em entrevista a estudantes da SciencesPo em 2015.

A história de Aliot dentro da Frente Nacional precede, porém, o namoro com Le Pen.

Filho de uma ex-colona francesa na Argélia, ele é um exemplo típico da base eleitoral da direita radical no sul da França, tendo aderido à FN pela juventude do partido. Coordenador da campanha presidencial derrotada de Jean-Marie Le Pen em 2002, ganhou proeminência em paralelo à ascensão de Marine no partido.

Ambos se dedicam à estratégia de "desdiabolizar" a FN nos últimos anos, afastando membros mais radicais. O papel rendeu a Aliot o apelido de "Loulou le purge", em referência aos expurgos que promoviam.

Sua origem judaica aumentava a impopularidade com a velha guarda de viés antissemita, mas serviu para lustrar a nova imagem a vender.

Apesar dos anos tratando de moderar o discurso do partido, Aliot se opôs em 2015 à decisão da legenda de expulsar Jean-Marie Le Pen, conhecido pelo histórico de declarações antissemitas: "Entrei na política com ele, não conseguia me ver votando por sua exclusão", disse então.

Aliot teve mais delicadeza com o sogro e mentor do que com Madonna três anos antes. Em 2012, a pop star exibira em um show em Israel imagens de Marine Le Pen associadas a Adolf Hitler. "Madonna é uma velha cantora em declínio", atacou.


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