Folha de S. Paulo


Negociador da União Europeia revela planos para o 'brexit'

John Thys/AFP
Michael Barnier, negociador europeu do 'brexit', durante entrevista coletiva nesta quarta (3)
Michael Barnier, negociador europeu do 'brexit', durante entrevista coletiva nesta quarta (3)

O negociador europeu para o "brexit", Michel Barnier, revelou nesta quarta (3) seus planos para a separação do Reino Unido, advertindo o governo britânico de que as exigências financeiras europeias não são punição e visam apenas "quitar as contas".

"Não há cobrança do 'brexit'", [a questão financeira] é apenas a quitação das contas", disse em entrevista coletiva o negociador que liderará as tratativas em nome da União Europeia.

As diretrizes de Barnier foram traçadas em uma cúpula de líderes europeus no sábado passado (29) que excluiu a primeira-ministra britânica, Theresa May.

A UE quer deixar clara sua posição para o processo desencadeado em 29 de março, embora a negociação formal comece apenas após as eleições britânicas, em 8 de junho, antecipadas por May para aumentar seu cacife.

Barnier declarou que nos próximos meses vai se concentrar em três questões: o futuro de cerca de cinco milhões de cidadãos afetados pela mudança; as dívidas de Londres; e questões fronteiriças com a Irlanda.

Sobre os cidadãos, o plano europeu propõe garantir o acesso à residência permanente após cinco anos de residência legal, tanto para os europeus que vivem no Reino Unido quanto para os britânicos que moram no bloco.

A UE também pede que o Reino Unido cumpra seus compromissos financeiros com os parceiros europeus.

Já a dívida pode chegar a € 60 bilhões (R$ 207 bilhões), segundo fontes na UE, e a € 100 bilhões se levados em conta os pedidos de Alemanha e França sobre subsídios e outros itens, estimou o jornal "Financial Times".

Em declarações à rede ITV, o ministro britânico para o "brexit" refutou o montante. "Não pagaremos € 100 bilhões", disse David Davis.

Barnier afirma que o valor ainda não foi fixado e que seu cálculo seguirá uma metodologia, mas não a explicitou.

Com o processo concluído, o Reino Unido deverá se tornar no primeiro trimestre de 2019 o primeiro país a abandonar o projeto europeu. Londres quer negociar simultaneamente o divórcio e o âmbito das futuras relações com a UE, mas os europeus se opõem a fazê-lo.

Os dois lados têm exposto a falta de sintonia em eventos recentes como um jantar entre May e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Segundo declarações ao "Frankfurter Allgemeine", Juncker deixou o local com a impressão de que May "vive em outra galáxia" e tem aspirações "pouco realistas" para as negociações.

Nesta quarta, em resposta à reportagem, ela acusou seus pares europeus de ameaçarem o Reino Unido e tentarem influenciar o resultado das eleições: "Tem gente em Bruxelas que não quer que as negociações deem certo".


Endereço da página:

Links no texto: