Folha de S. Paulo


Câmara de Deputados do Paraguai arquiva projeto de reeleição

A Câmara de Deputados do Paraguai arquivou nesta quarta-feira (26) o projeto de lei aprovado pelo Senado que permitia a reeleição presidencial, principal motivo da onda de protestos violentos quatro semanas atrás.

A medida foi reprovada por 79 dos 80 parlamentares —o restante se absteve. Manifestantes contrários à reeleição e ao presidente Horacio Cartes comemoraram o arquivamento com gritos de guerra e fogos de artifício.

"A partir de hoje nenhum ditadorzinho vai querer se apropriar [da Presidência] para vender o Paraguai", disse Efraín Alegre, presidente do Partido Liberal e pré-candidato à eleição do sucessor de Cartes, em abril de 2018.

A sigla se opõe ao mandatário e assumiu o comando do país após o impeachment de Fernando Lugo, deposto em 2012. Na época, uma das causas para derrubá-lo foi ter sugerido a emenda constitucional da reeleição.

A reprovação do projeto acontece nove dias depois que Cartes disse não querer se candidatar a um novo mandato. A decisão coincidiu com o envio de um diplomata do governo americano a Assunção.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, também fez contato com o presidente paraguaio e dirigentes opositores depois que parte do prédio do Congresso foi incendiada pelos manifestantes em 31 de março.

A reeleição é assunto polêmico no Paraguai, principalmente devido à memória da ditadura de Alfredo Stroessner, que durou 45 anos. Desde a Constituição de 1992, três anos após a queda do ditador, não há a possibilidade de um novo mandato consecutivo.


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