Folha de S. Paulo


Polícia reprime protestos de oposicionistas na Venezuela

Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Manifestantes entram em confronto com a polícia na Venezuela
Manifestantes entram em confronto com a polícia na Venezuela

Milhares de venezuelanos saíram às ruas nesta quarta-feira (26) em Caracas e outras cidades para exigir eleições gerais, intensificando a ofensiva contra o presidente Nicolás Maduro apesar dos temores de violência, que já deixaram mais de 20 mortos.

Vestidos de branco, carregando bandeiras da Venezuela, os adversários começaram a marchar a partir de vários pontos de concentração com o objetivo de chegar à sede da Defensoria do Povo, no centro da de Caracas, considerada um reduto chavista.

Ronaldo Schemidt/AFP
Polícia lança bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes na Venezuela
Polícia lança bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes na Venezuela

A polícia venezuelana impediu a marcha de prosseguir, lançando bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água contra a multidão oposicionista, que reagiu com pedras, dando início a um novo surto de violência em protestos.

Os militantes chavistas, por sua vez marcharam pelo centro da capital e se concentram no lado de fora do Palácio presidencial de Miraflores, onde eles irão esperar por Maduro.

OEA

Na terça-feira, a Venezuela anunciou que pode sair da Organização dos Estados Americanos (OEA) se o grupo decidir seguir em frente com uma possível reunião de chanceleres para debater a situação do país em crise.

A Venezuela, comandada por um governo de esquerda, e a OEA têm se confrontado por meses e a liderança da organização afirmou que o país deve ser suspenso do grupo caso não realize eleições gerais "o mais rápido possível", em meio a uma penosa crise econômica.

A organização sediada em Washington disse na terça-feira que seu conselho permanente vai realizar uma reunião nesta quarta "para a 'consideração da resolução convocando uma reunião de consulta à ministros de Relações Exteriores' sobre a situação na Venezuela".

A organização informou que a reunião foi convocada por mais de doze países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos.

"Caso uma reunião de ministros de Relações Exteriores da Organização dos Estados Americanos aconteça sem a aprovação e consentimento do governo venezuelano, eu recebi instruções do presidente Nicolás Maduro para começar o processo de remoção da Venezuela dessa organização", disse a ministra de Relações Exteriores venezuelano, Delcy Rodríguez, à TV estatal na terça-feira à noite.

O governo de Maduro considera a OEA como um braço da política hostil dos Estados Unidos e tem frequentemente desprezado o líder do grupo, Luis Almagro, um ex-ministro de Relações Exteriores do Uruguai, como um vira-casaca trabalhando para seus adversários em Washington.

Para que a Venezuela seja suspensa da OEA, é necessário o voto de dois terços das 34 nações que fazem parte da Assembleia-Geral da organização. Caracas pode contar com o apoio de vários países pobres da América Central e do Caribe que recebem petróleo da Venezuela em termos favoráveis.

Aliados de esquerda como a Bolívia e o Equador também apoiariam Maduro, um ex-motorista de ônibus que chegou até o cargo de ministro de Relações Exteriores guiado por seu mentor Hugo Chávez.

Entretanto, a política na América do Sul está tendendo para a centro-direita, com o Brasil, Argentina e Peru perdendo governos de esquerda recentemente.


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