Folha de S. Paulo


Turquia emite ordem de prisão contra 3.200 opositores; mil foram detidos

Olay Duzgun/DHA-Depo via AP
Policiais escoltam homens presos por suspeita de ligação com o clérigo Fetullah Gülen
Policiais escoltam homens presos por suspeita de ligação com o clérigo Fetullah Gülen

A Turquia emitiu na quarta-feira (26) ordens de prisão contra 3.224 pessoas, ao menos 1.009 das quais já foram detidas, sob suspeitas de ligação com o clérigo dissidente Fethullah Gülen, acusado de orquestrar uma tentativa de golpe em julho de 2016 contra o presidente Recep Tayyip Erdogan, informaram meios de comunicação do país.

De acordo com a agência de notícias estatal Anadolu, 8.500 policiais participam da operação em 81 províncias. O ministério do Interior afirmou que a operação tinha como alvo opositores infiltrados na força policial do país.

"É uma medida importante no interesse do Estado da República da Turquia", declarou o ministro do Interior, Süleyman Soylu.

As prisões em massa desta quarta aprofundam o expurgo realizado pelo governo desde a tentativa de golpe. Nos últimos meses, a Turquia prendeu ao menos 46 mil pessoas e exonerou 130 mil servidores. O país está em estado de emergência.

Além dos presos, 9.000 foram temporariamente afastados enquanto se investiga possíveis laços com Gülen.

As medidas provocaram uma onda de indignação entre ONGs e países europeus, que denunciam uma repressão contra os círculos pró-curdos e a imprensa.

O governo acusa Gülen, que vive em autoexílio nos Estados Unidos, de liderar uma "organização terrorista" que idealizou a tentativa de golpe. O clérigo nega envolvimento no episódio.

As novas prisões ocorrem em um momento de recrudescimento da política na Turquia. No último dia 16, Erdogan venceu por margem apertada um plebiscito que amplia os poderes presidenciais.


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