Folha de S. Paulo


Campanha de Macron foi alvo de hackers russos, dizem especialistas

A campanha de Emmanuel Macron, o favorito para vencer as eleições presidenciais na França, foi alvo de um grupo de espionagem cibernética ligado a uma agência russa de inteligência militar.

Feike Hacquebord, pesquisador da empresa de segurança Trend Micro, afirmou ter encontrado provas de que o grupo de espionagem apelidado de "Pawn Storm" atacou a campanha de Macron com truques de phishing e tentativas de instalar malware no site da campanha.

O phishing é usado para roubar informações pessoais de usuários por meio de e-mails fraudulentos ou direcionando o internauta para páginas falsas na internet.

O pesquisador disse que rastros digitais ligaram os ataques contra Macron aos do ano passado contra o Comitê Nacional Democrata dos Estados Unidos e a campanha presidencial de Hillary Clinton. Técnicas similares foram utilizadas para atingir o partido da chanceler alemã Angela Merkel, em 2016.

Eric Feferberg/Reuters
O candidato à Presidência da França Emmanuel Macron durante evento em Amiens nesta quarta (26)
O candidato à Presidência da França Emmanuel Macron durante evento em Amiens nesta quarta (26)

A Rússia nega qualquer envolvimento com os ataques à campanha de Macron. "Que grupos? De onde? Por que a Rússia? Tudo isso lembra as acusações de Washington que permanecem vazias e desonram seus próprios autores", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na segunda-feira (24).

O movimento Em Frente! confirmou ter sido alvo de ao menos cinco ciberataques desde janeiro, mas afirmou que nenhum dado da campanha foi comprometido.

"Não é coincidência que Emmanuel Macron, o último candidato progressista restante nessa eleição, seja o alvo prioritário", disse o Em Frente! em comunicado publicado nesta quarta-feira (26).

Especialistas em segurança disseram que o grupo espião "Pawn Storm" é conhecido por vazar os documentos roubados depois de algum tempo e que qualquer ataque contra a campanha do candidato francês nos últimos meses não influenciaria o segundo turno das eleições em 7 de maio. Mas, se documentos foram roubados, eles podem ser usados para minar a Presidência de Macron, caso ele seja eleito.

O porta-voz da agência francesa de segurança cibernética confirmou os ataques à campanha de Macron, mas não responsabilizou o grupo ligado a Rússia.

"O que podemos confirmar é que é o método clássico de operar do Pawn Storm. Entretanto, não podemos atribuir autoria ao ataque porque podemos ser facilmente manipulados e os atacantes podem se passar por qualquer outra pessoa", disse o representante.

No segundo turno, Macron, um internacionalista liberal que tem criticado a política externa russa, vai enfrentar a candidata da direita ultranacionalista Marine Le Pen, que pegou empréstimos com bancos russos e defendeu políticas pró-Moscou.

Segundo o especialista da Trend Micro, o Pawn Storm, um dos mais antigos grupos de espionagem cibernética do mundo, enviou e-mails de phishing usando falsos servidores locais para atacar a campanha de Macron.

Hacquebords disse ainda que é difícil ter provas conclusivas do envolvimento russo devido à complexidade de atribuir autoria a ataques cibernéticos.


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