Folha de S. Paulo


Israel redobra segurança em Jesusalém antes de 'Superpáscoa'

Gali Tibbon - 15.abr.2017/AFP
Christian Orthodox worshippers hold candles during the ceremony of the
Cristãos ortodoxos seguram velas durante cerimônia do "Fogo Sagrado", em Jerusalém

Além de 400 câmeras do circuito interno, balões de segurança com filmadoras sobrevoam a pequena área onde, segundo a Bíblia, Jesus Cristo deu seus últimos passos há quase 2.000 anos. Na Cidade Velha de Jerusalém, 3.500 policiais –quase o dobro do ano passado– patrulham ruas, mercados e casas dentro e fora das muralhas.

Enquanto procissões lotam a Via Dolorosa, as autoridades se empenham em assegurar uma Semana Santa pacífica aos cerca de 300 mil turistas que chegaram a Israel no mês da Páscoa.

Além da patrulha na Cidade Velha, onde ficam os principais pontos sagrados para cristãos, judeus e muçulmanos (a Igreja do Santo Sepulcro, o Muro das Lamentações e a Mesquita de al-Aqsa, por exemplo), oficiais ocupam os bairros árabes (Jerusalém Oriental), onde vivem cerca de 40% dos habitantes.

Em Wadi al-Joz, por exemplo, policiais armados estão em várias esquinas, sob olhares pouco amigáveis dos moradores, e em carros, afugentando jovens que perambulam para evitar aglomerações perto dos pontos turísticos.

Israel também fechou a fronteira com o Egito, passo inédito, por causa de alertas de atentados iminentes do Estado Islâmico contra israelenses na Península do Sinai. Como é praxe em feriados, os postos de fronteira entre Israel e os territórios palestinos (Cisjordânia e Faixa de Gaza) foram interditados.

SUPERPÁSCOA

A preocupação é elevada porque, nesta Páscoa, Jerusalém deve receber 15% a mais de visitantes.

Motivo: a Semana Santa cristã coincide com a Páscoa judaica (Pessach), que dura oito dias.

Fora isso, todas as vertentes cristãs, incluindo gregos-ortodoxos, celebram a Páscoa juntas (a próxima vez que isso ocorrerá será em 2025, pois os ortodoxos usam um calendário diferente).

Outra atração para peregrinos cristãos é a renovação da Edícula, a 14ª, última e mais importante estação da Via Dolorosa, que foi reaberta ao público no dia 23 de março.

A construção na Igreja do Santo Sepulcro é o local onde está o túmulo que teria sido, diz a tradição, de Jesus.

"Pela primeira vez em 200 anos, as três principais igrejas –ortodoxa, franciscana e armênia– renovam o túmulo sagrado", disse o porta-voz do Patriarca Ortodoxo de Jerusalém, Issa Musleh, sobre a obra que consumiu dois anos e US$ 3 milhões.

O receio de atentados também é econômico. A peregrinação cristã traz 53% do turismo em Israel. Afugentar devotos é condenar a indústria turística. Em geral, o número de visitantes bate recordes, mas tudo pode mudar se atentados maiores ou conflitos armados sacodem o país.

"Em janeiro e fevereiro, vieram 22% de turistas a mais do que nos mesmos meses de 2016. Além dos mercados tradicionais, também entraram na estatística chineses e indianos", diz Uri Sharon, especialista em história cristã do Ministério do Turismo.

Para a guia Miri Henis, 61, que vive em Israel há quatro décadas, a Terra Santa é mais segura do que sua cidade natal, o Rio. "Jerusalém é complicada em segurança. Muita gente acha que aqui corre sangue nas ruas. Mas Israel é mais segura do que a [rua] Barata Ribeiro, no Rio de Janeiro. Sou carioca, posso falar."


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