Folha de S. Paulo


Ataque com gás tóxico deixa dezenas de mortos em cidade da Síria

Ammar Abdullah/Reuters
Homem é tratado com oxigênio após ataque com gás na cidade de Khan Sheikhoun, na Síria
Homem é tratado com oxigênio após ataque com gás na cidade de Khan Sheikhun, na Síria

Um ataque com gás tóxico deixou dezenas de mortos na manhã desta terça-feira (4) em Khan Sheikhun, cidade síria controlada por opositores do ditador Bashar al-Assad.

Ao menos 100 pessoas morreram, segundo a União de Organizações de Assistência Médica, coalizão de ajuda internacional que atua no país. A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos falou em no mínimo 58 mortos, entre os quais 11 crianças.

A entidade diz que as vítimas eram civis e morreram enquanto eram encaminhadas para socorro em hospitais na província de Idlib. O gás provocou sufocamento, desmaios e vômitos. Centenas de pessoas ainda manifestavam sintomas após o ataque, segundo equipes de atendimento.

O chefe das autoridades de saúde de Idlib, Mounzer Khalil, disse acreditar que o gás é sarin ou gás cloro. "A maioria dos hospitais está transbordando de pessoas feridas."

Segundo a Defesa Civil da Síria, bombardeios ainda atingiram um posto médico onde vítimas eram atendidas.

Testemunhas afirmam que o gás foi lançado por caças Sukhoi, que são operados tanto pelo governo da Síria como pelo da Rússia, que refutaram envolvimento.

Onde fica Khan Shaykhun, Síria

"O Exército não usou [material químico] nem usará em nenhum lugar ou momento, nem no passado nem no futuro", disseram as Forças Armadas sírias em comunicado.

Já o Ministério da Defesa russo afirmou que as substâncias tóxicas faziam parte de um arsenal rebelde atingido por uma operação aéreo síria.

O ataque desta terça foi o mais letal na Síria desde agosto de 2013, quando o uso de gás sarin em Ghouta deixou centenas de mortos. Na ocasião, os EUA e outras potências ocidentais acusaram o regime de al-Assad pelo ocorrido. Damasco negou e culpou as forças rebeldes.

Nesta terça, a União Europeia e os EUA voltaram a culpar o ditador pelo ataque, que será debatido nesta quarta (5) em reunião do Conselho de Segurança da ONU.

"A principal responsabilidade recai sobre o regime, pois tem o dever de proteger sua gente e não de atacá-la", disse Federica Mogherini, chefe da diplomacia da UE.

Omar Haj Kadour/AFP
Sala de hospital destruída após bombardeio na cidade de Khan Sheikhun, na província de Idlib, oeste sírio
Sala de hospital destruída após bombardeio na cidade de Khan Sheikhun, na província síria de Idlib

Em nota, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o que ocorreu na Síria "não pode ser ignorado pelo mundo civilizado".

O republicano, que vinha evitando criticar publicamente o regime, classificou a ação como "hedionda", mas também culpou o governo Barack Obama por sua "fraqueza" com o regime. Seu secretário de Estado, Rex Tillerson, pediu a Rússia e Irã que agissem junto ao governo sírio para evitar novas ações.

Até a última semana, o governo Trump destacava que sua prioridade na Síria, em guerra há seis anos, era o combate ao Estado Islâmico e não retirar Assad. Já Obama defendia que o ditador tinha que deixar o poder.

Em nota, o governo brasileiro afirmou ter recebido com "alarme e grande preocupação" a notícia sobre o ataque, pediu investigações para apurar responsabilidades e condenou o uso de armas químicas sob quaisquer circunstâncias.

Editoria de Arte/Folhapress
Massacre químico na SíriaPrincipais ataques durante a guerra iniciada em 2011
Massacre químico na SíriaPrincipais ataques durante a guerra iniciada em 2011

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