Folha de S. Paulo


Para especialistas, seria difícil prevenir ataque terrorista

O policiamento de Londres será intensificado, nos próximos dias, em reação ao ataque desta quarta-feira nos arredores do Parlamento.

Homens armados farão a patrulha em pontos estratégicos, como o transporte público e os aeroportos, uma visão cada vez mais recorrente em capitais europeias.

Mas o ataque a Londres, aparentemente realizado apenas com uma faca e um carro, dificilmente poderia ter sido evitado pelas forças de segurança, a despeito de seu alto nível de alerta, segundo especialistas ouvidos pela Folha.

O dano causado pelo atropelamento na ponte de Westminster poderia ter sido reduzido por barreiras, afirma Daveed Gartenstein-Ross, especialista em combate ao terrorismo e consultor em agência do governo dos EUA. Mas, para ele, "não seria possível impedir um homem de atacar um policial com uma faca".

O analista em segurança Andrew Silke, que assessora a Polícia Metropolitana de Londres, por sua vez descreve o atentado de Westminster como uma ação baseada em "baixa tecnologia" –dificultando sua prevenção.

"É diferente de quando as forças de segurança lidam com explosivos ou armas pesadas", afirma. Esses estoques pesados podem ser monitorados mais facilmente.

A situação se assemelha a dois outros ataques em cidades europeias em 2016: atropelamentos em Nice, na França, com 86 mortos, e em Berlim, com 12 vítimas.

Em casos como esses, diz Silke, a polícia depende do monitoramento feito por agências de inteligência, que observam suspeitos, por exemplo, em redes sociais e páginas voltadas a radicais.

O governo terá que se perguntar, portanto, se o responsável pelo ataque de Westminster já era conhecido pelas autoridades e, nesse caso, por que não foi impedido de agir nesta quarta-feira.

Se for confirmado esse cenário, será situação semelhante à de Berlim, em que o terrorista Anis Amri já havia sido monitorado pelas autoridades alemãs. Por causa disso, o atentado ali causou constrangimento às autoridades, além do recrudescimento de medidas preventivas.

Mas Silke espera que agora o governo da premiê Theresa May não exagere em sua reação. "O enfoque esteve no 'brexit', nos últimos meses, e não no combate ao terrorismo", diz, referindo-se ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia.

"Uma das minhas preocupações é que, agora, o governo britânico decida impor medidas draconianas."


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