Folha de S. Paulo


Fim do Obamacare fará 24 milhões perderem plano de saúde nos EUA

Um relatório divulgado nesta segunda (13) pelo Congressional Budget Office (CBO), agência não partidária ligada ao Congresso americano, prevê que, se aprovado, o projeto apresentado por republicanos para substituir o Obamacare faria com que 14 milhões de americanos perdessem seu seguro de saúde até 2018 e 24 milhões nos próximos dez anos, mas reduziria o deficit federal em US$ 337 bilhões até 2026.

Nas projeções feitas pela agência, com o plano –que já passou em duas comissões da Câmara, mas enfrenta resistência até entre republicanos–, 52 milhões de pessoas não estariam seguradas em 2026, contra 28 milhões se for mantido o Obamacare.

O programa do governo Obama aumentou em 20 milhões o número de assegurados ao adotar medidas como obrigar que todos os americanos acima da linha da pobreza contratassem um plano básico de saúde e oferecer recursos federais aos Estados para ampliar o Medicaid, sistema público voltado aos mais pobres.

Segundo o relatório do CBO, a aplicação da proposta republicana, que prevê a suspensão da obrigatoriedade para os cidadãos e o corte dos recursos para os Estados ampliarem no Medicaid, porém, resultaria em uma queda do deficit de US$ 337 bilhões na próxima década –o equivalente a 57% do deficit de US$ 587 bilhões registrado em 2016.

Dos 14 milhões que perderiam a cobertura de saúde até 2018, 6 milhões deixariam seus planos individuais, 5 milhões deixariam de ser atendidos pelo Medicaid e 2 milhões perderiam a cobertura paga por empregadores. O projeto republicano libera empresários que empregam mais de 50 funcionários da obrigatoriedade, estabelecida pelo Obamacare, de pagar pelo seguro de 95% dos trabalhadores.
Nos próximos dez anos, contudo, os mais afetados serão os mais pobres. Dos 24 milhões que o CBO calcula que estariam sem seguro de saúde em 2026, 14 milhões são hoje beneficiados pelo Medicaid.

Win McNamee/Getty Images/AFP
WASHINGTON, DC - MARCH 09: U.S. Speaker of the House Paul Ryan (R-WI) explains the Republican plan to replace the Affordable Care Act during his weekly press conference at the U.S. Capitol March 9, 2017 in Washington, DC. During his remarks, Ryan said ÒWe made a promise to repeal and replace Obamacare. Now itÕs time to do it.Ó Win McNamee/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
O republicano Paul Ryan explica plano para a saúde em sessão na Câmara no último dia 9

Trump, que havia dito na manhã desta segunda que o Obamacare é "um desastre" e está "implodindo", continuou com as críticas após a divulgação do relatório. "Se o Obamacare é tão bom, por que eles gastaram dezenas de milhões de dólares do contribuinte para 'bombá-lo'? RUIM!"

O presidente recebeu na Casa Branca, na tarde de segunda-feira, um grupo de americanos insatisfeitos com o Obamacare e disse que a proposta republicana permitirá aos cidadãos escolher a cobertura do plano e os médicos que quiserem. "Nós não vamos ter um modelo único para todos."

O secretário de Saúde, Tom Price, disse discordar completamente do relatório da agência, sobre o qual "não se pode acreditar". Segundo ele, a conclusão do CBO se baseia só na primeira parte do plano republicano -que é o projeto apresentado no Congresso. Só que as outras fases ainda não foram divulgadas.

"Acreditamos que o plano que estamos colocando vai assegurar mais indivíduos do que temos hoje. Então achamos que o CBO simplesmente errou", disse Price.


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