Folha de S. Paulo


Ex-chefe de inteligência do governo americano nega espionagem a Trump

O diretor de inteligência nacional do governo de Barack Obama, James Clapper, rejeitou as acusações do atual presidente, Donald Trump, de que seu antecessor teria ordenado que ele fosse espionado com grampo telefônico antes da eleição. Segundo Clapper, nada do que o presidente declarou em seu Twitter na manhã de sábado (4) aconteceu de fato.

"Posso negar isso absolutamente", disse Clapper, que deixou o governo quando Trump assumiu a Presidência, em janeiro deste ano.

Joshua Roberts - 10.jan.2017/Reuters
O diretor nacional de Inteligência de Obama, James Clapper, é ouvido em comissão do Congresso
O diretor nacional de Inteligência de Obama, James Clapper, é ouvido em comissão do Congresso

Outros representantes do ex-presidente também negaram as alegações de Trump, que não ofereceu nenhuma evidência para a acusação.

Em um comunicado, a líder do Partido Democrata na Câmara, Nancy Pelosi, reagiu às acusações de Trump e as comparou ao comportamento de líderes autoritários.

Segundo ela, a acusação é falsa. "Você cria algo. Então você faz a imprensa falar sobre o assunto. E então você diz que todo mundo está falando sobre a acusação. É a ferramenta de um autoritário", declarou a congressista.

Josh Earnest, que foi secretário de imprensa de Obama, reagiu explicando que presidentes não têm autoridade para ordenar unilateralmente escutas telefônicas de cidadãos americanos, como Trump alegou ter sido feito.

Segundo ele, investigadores do FBI e funcionários do Departamento de Justiça devem procurar a aprovação de um juiz federal para tal ação.

Earnest acusou Trump de usar as acusações para distrair a atenção dada aos contatos dos seus assessores com o governo russo. O FBI está investigando esses contatos, assim como o Congresso.

O líder democrata no Comitê de Inteligência do Senado, o deputado Adam Schiff, da Califórnia, também reagiu às acusações. Segundo ele, Trump está seguindo "um padrão profundamente perturbador de distração, distorção e pura invenção".

O gabinete do presidente da Câmara, Paul Ryan, e o porta-voz do líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, evitaram se posicionar sobre o caso ao longo do domingo.

O porta-voz de Obama, Kevin Lewis, disse no sábado (4) que uma "regra fundamental" do governo Obama era não interferir nas investigações do Departamento de Justiça, que devem ser conduzidas sem influência política.

Lewis disse que nem Obama nem nenhum oficial da Casa Branca haviam ordenado a vigilância de nenhum cidadão americano. "Qualquer sugestão em contrário é simplesmente falsa", disse.


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