Folha de S. Paulo


FBI pede que governo negue acusações de Trump sobre espionagem, diz jornal

O diretor do FBI, James Comey, pediu ao Departamento de Justiça que negasse publicamente as acusações de espionagem feitas pelo presidente Donald Trump, disse neste domingo (5) o jornal "The New York Times".

No sábado (4), ele acusou seu antecessor, Barack Obama, de ter ordenado escutas telefônicas contra sua equipe na campanha eleitoral que o levou à Casa Branca. O porta-voz do democrata negou as alegações.

Joe Skipper - 5.mar.2017/Reuters
Manifestantes protestam na passagem da comitiva presidencial por West Palm Beach, na Flórida
Manifestantes protestam na passagem da comitiva presidencial por West Palm Beach, na Flórida

Segundo membros do gabinete do republicano, Comey argumentou que a acusação é falsa e precisa ser corrigida porque é uma insinuação de que a polícia federal americana teria violado a lei.

Nem o Departamento de Justiça nem o FBI comentaram sobre o pedido. Também não há informações de por que o chefe policial não fez um comunicado contrariando o presidente, apesar de ser autorizado a fazê-lo.

A reportagem é publicada horas depois que a Casa Branca pediu ao Congresso que inclua uma investigação sobre o suposto abuso de autoridade de Obama no inquérito sobre a interferência russa nas eleições.

A declaração potencialmente elimina tentativas fazer Trump explicar suas acusações. O texto divulgado pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, alude a relatórios —não especificados— de investigações politicamente motivadas antes das eleições.

Spicer afirmou que o governo não comentará mais sobre o assunto até que as investigações sejam concluídas.

EXTREMA DIREITA

Além da falta de provas, Trump também não deu indícios da origem das acusações. A imprensa americana afirma que o presidente reproduziu alegações de sites de extrema direita.

Na quinta (2), o radialista Mark Levin mencionou os passos que Obama teria tomado para vigiar o sucessor. A acusação foi publicada no dia seguinte no Breitbart News, que tem entre os fundadores Stephen Bannon, estrategista-chefe do presidente.

Ao pedir ao Congresso que amplie suas investigações, o próprio Trump estabelece um vínculo entre suas denúncias de que foi espionado por Obama e o escândalo dos contatos entre seus colaboradores e funcionários russos.

O governo Obama acusou os russos de estarem na origem do ataque cibernético a e-mails de colaboradores de Clinton na campanha eleitoral. A operação teria sido conduzida pelo Kremlin para beneficiar o republicano.


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