Folha de S. Paulo


Vice de Trump, Mike Pence utilizou e-mail privado quando era governador

Mandel Ngan/AFP
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, chega para encontro entre Trump e Trudeau
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, durante evento na Casa Branca

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, usou uma conta de e-mail particular para realizar negócios públicos quando era governador do Estado de Indiana. A informação foi confirmada por seu escritório em um comunicado nesta quinta-feira (2).

O uso de um e-mail pessoal foi revelado pelo jornal "Indianapolis Star", que disse que Pence o usou algumas vezes para debater assuntos delicados e questões de segurança interna. A conta foi invadida em 2016, segundo o diário.

Pence afirmou nesta sexta-feira (3) que o uso do e-mail pessoal "estava em total acordo com as leis estaduais". Para ele, "não há comparação alguma com a prática de Hillary Clinton usar servidores privados e o mau uso de informações confidenciais, destruindo e-mails quando eles haviam sido requisitados pelas autoridades e pelo Congresso".

Durante a campanha presidencial de 2016, Pence criticou a candidata democrata, Hillary Clinton, por ter utilizado um e-mail particular quando era secretária de Estado dos EUA, afirmando que a prática colocava em risco a segurança nacional.

A democrata acusou o diretor do FBI, James Comey, de ter desempenhado um pequeno papel em sua derrota, ao afirmar que a decisão da Polícia Federal americana de reabrir a investigação sobre os e-mails enviados quando ela era secretária de Estado prejudicou sua campanha na disputa pela Casa Branca.

Os e-mails obtidos pelo jornal mostram que Pence utilizou uma conta privada —que a publicação afirma ter sido hackeada no ano passado— para discutir "assuntos sensíveis e questões de segurança interna".

A lei de Indiana não proíbe que os ocupantes de cargos públicos utilizem o e-mail pessoal, mas em geral exige que as mensagens relacionadas a questões oficiais sejam arquivados com fins de informação pública.

"À semelhança de governadores anteriores, durante seu tempo como governador de Indiana Mike Pence manteve uma conta de e-mail estadual e uma conta de e-mail pessoal", comunicou seu escritório.

HACKER

Depois que Pence teve sua conta invadida por um chantagista que enviou um pedido de dinheiro a seus contatos de e-mail em junho, o governador criou uma nova conta.

Pence foi escolhido em julho como o candidato a vice-presidente do republicano Donald Trump.

No comunicado, o escritório de Pence disse que ele solicitou que uma consultoria externa analisasse todas as suas comunicações como governador de Indiana para ter certeza de que todos os e-mails relacionados ao Estado fossem devidamente transferidos e arquivados.

O gabinete de Pence afirmou que sua campanha havia adotado medidas para permitir a transferência ao Estado das mensagens eletrônicas pessoais relativas a temas públicos.

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PENCE x HILLARY

1. Ambos usaram contas privadas no trabalho
Mas, segundo a lei do Estado do Indiana, isso é legal. Inclusive, um membro do governo é proibido de tratar de assuntos políticos em sua conta de e-mail oficial, o que pode explicar a opção de Pence pela conta privada

2. Ambos alegam que antecessores no cargo também haviam usado e-mails pessoais
Mas, no caso de Hillary, ela usou somente o e-mail privado quando foi secretária de Estado (2009-2013), algo inédito. Não há evidências de que Pence tenha usado apenas o e-mail privado. Ele alega ainda que esses e-mails foram preservados. Já Hillary deixou de entregar ao FBI 50% dos seus e-mails por serem de natureza pessoal

3. Ambos estavam vulneráveis a hackers
Mas não se tem evidências de que Hillary tenha sido, de fato, hackeada. No caso de Pence, ele foi alvo de um chantagista que pediu dinheiro aos contatos de e-mail do governador, dizendo que ele e a primeira-dama estavam presos nas Filipinas

4. Ambos teriam discutido temas oficiais nos e-mails pessoais
Mas Pence diz que não trocou informações confidenciais. O FBI abriu investigação sobre os e-mails de Hillary, mas decidiu não processá-la


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