Folha de S. Paulo


Secretário de Justiça de Trump deixa investigação sobre elo com Rússia

O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, anunciou nesta quinta-feira (2) que se afastará das investigações sobre os contatos da equipe de Donald Trump com autoridades da Rússia durante a campanha eleitoral.

A retirada acontece horas após a revelação de que ele se reuniu duas vezes com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, em 2016 —uma durante a Convenção Republicana e outra em setembro.

Nicholas Kamm/AFP
O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, concede entrevista coletiva em Washington
O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, concede entrevista coletiva em Washington

Em entrevista coletiva, o ex-senador delegou a seu vice, Dana Boente, a responsabilidade pela investigação. A decisão foi tomada depois que se reuniu com integrantes do alto escalão do Departamento de Justiça.

Ele voltou a negar ter discutido assuntos de campanha com o representante de Moscou e disse que as reuniões foram relacionadas a sua participação na Comissão de Serviços Armados do Senado.

Sessions avalia não ter feito nada de errado ao não mencionar os encontros na sabatina no Senado antes da aprovação como secretário. Na ocasião, ele afirmou que não sabia das reuniões da equipe de Trump com os russos.

Desde a noite de quarta (1º), quando o jornal "The Washington Post" revelou a existência dos encontros, o secretário foi pressionado por aliados republicanos e rivais democratas a se abster da investigação ou renunciar ao cargo.

A primeira reunião foi em julho, após discurso na Fundação Heritage em paralelo à convenção que alçou Trump como candidato. Ele recebeu Kislyak em setembro, antes dos vazamentos da campanha democrata atribuídos à Rússia.

Nesta quinta (2), o presidente deu sua "total confiança" ao subordinado, mas disse que não sabia dos encontros com o russo. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, afirmou que Sessions atuou de maneira "100% correta".

CONFLITO

A pasta que Sessions dirige é a responsável por administrar o FBI (a polícia federal dos EUA), que conduz a investigação sobre o elo da equipe eleitoral de Trump com Moscou.

Com isso, Sessions é o segundo membro do gabinete a ter se encontrado com o embaixador russo antes da posse, em 20 de janeiro. O primeiro foi Michael Flynn, que se reuniu com Kislyak em dezembro, quando Trump era presidente eleito.

Dias depois da revelação, ele deixou seu cargo de conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca por ocultar o conteúdo das conversas com as autoridades de Moscou para o presidente e seu vice, Mike Pence.

Já o secretário de Estado, Rex Tillerson, tinha relações com autoridades e empresários do país enquanto chefiava a petroleira ExxonMobil.

Trump assumiu prometendo se aproximar de Moscou, após o período de maior tensão desde a Guerra Fria. Ele chegou a dizer em uma entrevista que era uma vantagem ter a simpatia de seu colega russo, Vladimir Putin.

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