Um estudo de uma universidade britânica indica que mulheres nascidas na Coreia do Sul em 2030 serão as primeiras do mundo a superar a barreira dos 90 anos de expectativa média de vida.
Conduzido pelo Imperial College de Londres em parceria com a Organização Mundial de Saúde, o levantamento analisa a expectativa de vida de 35 países desenvolvidos e prevê que as pessoas viverão mais em todos eles –e que a distância entre as médias de mulheres e homens começará a diminuir em vários.
O estudo prevê que as sul-coreanas que nascerem em 2030 viverão, em média, 90,8 anos. Já a longevidade média para os homens do país será de 84,1 anos.
Ele prevê também que o Japão, que foi símbolo de alta longevidade no mundo, deve cair algumas posições no ranking.
O Brasil não esteve entre os 35 países analisados.
Os pesquisadores dizem que suas conclusões expõem desafios que vários países terão pela frente com seus sistemas previdenciários e com os cuidados aos mais velhos.
O sucesso de alguns países na longevidade dos cidadãos traz lições importantes.
"A Coreia do Sul fez muita coisa certa. Parece ser um local mais igualitário, e políticas de educação e nutrição têm beneficiado a maioria das pessoas", afirma o professor Majid Ezzati, da Faculdade de Medicina do Imperial College.
O professor completa que, até o momento, os sul-coreanos se mostraram os melhores em lidar com taxas de hipertensão –e apresentam as menores taxas de obesidade do mundo.
Os dados da pesquisa também indicam que o Japão, atualmente o país com maior expectativa de vida para mulheres, será superado por países como Coreia do Sul e França na média de longevidade feminina.
Já para os homens, a previsão é que o Japão caia da quarta para a 11ª posição.
O desempenho dos Estados Unidos também não estará entre os melhores –está em último do ranking. Americanas nascidas em 2030 devem viver em média 83 anos e os homens, 80, média similar às projetadas para o México e a Croácia.
"Os EUA são quase o oposto da Coreia do Sul", observa o professor Ezzati. Ele afirma que a desigualdade registrada nos EUA, único país entre os analisados sem assistência de saúde universal, afeta a performance nacional no caso de expectativa de vida.
"E é o primeiro país que parou de crescer em altura [média], o que mostra algo sobre nutrição no início da vida."
Os EUA serão ultrapassados pelo Chile, onde se espera que as mulheres nascidas em 2030 vivam uma média 87 anos e os homens, 81.
Na Europa, a França lidera o ranking das previsões para países com maior expectativa de vida para mulheres: 88,6 anos, seguida pela Espanha (88,1), Suíça (87,7), Portugal (87,5) e Eslovênia (87,4).
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Homens, em média,têm estilo de vida menos saudável que mulheres, e por isso vivem menos anos |
RECUPERAÇÃO MASCULINA
O levantamento detalha como a diferença entre expectativa de vida para homens e mulheres ficará menor.
"Homens tradicionalmente têm um estilo de vida menos saudável e, por isso, uma expectativa de vida mais curta", explica o professor Ezzati.
Segundo o pesquisador, homens fumam e bebem mais. Também tendem a se envolver com mais frequência em acidentes de carro e, se comparados às mulheres, figuram em maior número entre vítimas de homicídios.
"No entanto, à medida que os estilos de vida de homens e mulheres começam a ficar mais parecidos, o mesmo deve ocorrer com a longevidade de ambos".
A longevidade no mundo, contudo, deve ser mais impactada por melhoras nas condições de vida dos acima de 65 anos do que pela redução das taxas de mortalidade infantil.
METODOLOGIA
O estudo usou métodos de previsão similares aos de meteorologistas. Combinaram 21 modelos matemáticos distintos nos quais foram analisadas tendências passadas para fazer inferências e projetar o futuro.
A abordagem levou em conta diferentes variáveis –como taxa de fumantes, avanços na medicina, na acessibilidade a atendimento médico e taxas de obesidade– que podem afetar a expectativa de vida.
Também considerou que os países continuarão avançando da forma como estão agora. Eventos difíceis de prever, como, por exemplo, novas guerras ou a eventual descoberta e uso global de uma vacina para o câncer, poderiam afetar de forma significativa as conclusões do estudo.
O professor Majid Ezzati, contudo, salienta que as projeções mostram o impacto positivo de investimentos em sistemas de saúde de acesso universal.
Países que tiveram bom desempenho "fazem isso investindo em seu sistema de saúde e certificando-se de que ele chega a todos".