Folha de S. Paulo


Eleição no Equador torna incerto o futuro de Julian Assange

Além dos 16 milhões de habitantes deste país andino, um estrangeiro está especialmente preocupado com o resultado das eleições no Equador, cujo primeiro turno ocorre neste domingo (19).

Trata-se de ativista e criador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, 45, a quem o governo de Rafael Correa concedeu asilo em 2012. Desde então, Assange está na embaixada equatoriana em Londres.

John Stillwell - 18.ago.2014/AFP
(FILES) - Picture taken on August 18, 2014 shows WikiLeaks founder Julian Assange gesturing during a press conference inside the Ecuadorian Embassy in London where Assange has been holed up for two years. Lawyers for WikiLeaks founder Julian Assange said on February 25, 2015 they filed an appeal to Sweden's Supreme Court seeking to quash the 2010 warrant for his arrest on accusations of rape and molestation. AFP PHOTO / POOL / JOHN STILLWELL ORG XMIT: 4362
Julian Assange, o criador do Wikileaks, na embaixada do Equador em Londres em 2014

O acolhimento a Assange, embora fundamentado nas leis de direitos internacionais, fez parte de uma estratégia política do presidente.

"Enquanto perseguia a imprensa em seu país, para os olhos do mundo Correa luzia uma imagem de defensor da verdade e de um líder anti-imperialista", diz à Folha o jornalista Roberto Aguilar.

Agora, porém, o destino de Assange é incerto. O favorito neste primeiro turno, o governista Lenín Moreno, não se pronunciou claramente sobre a decisão de continuar mantendo o benefício a Assange. Mas seus concorrentes, sim.

Os direitistas Guillermo Lasso e Cynthia Viteri, que ocupam o segundo e o terceiro posto no pleito, já afirmaram que, se eleitos, expulsariam Assange da embaixada.

"O Equador não tem porque gastar nem um centavo na proteção de uma pessoa que filtrou informação sigilosa. Convidarei o senhor Assange a que se retire num prazo máximo de 30 dias depois que eu assuma", disse Lasso.

Já Viteri afirmou que "como presidente, vou precisar do dinheiro que gastamos para mantê-lo para pagar as refeições das crianças", afirmou Viteri.

Assange é acusado de abuso sexual na Suécia, processo que, apesar de munido de evidências concretas, o impediria de ser extraditado aos EUA, onde o acusam de espionagem por divulgar informação sigilosa.

Desde o meio da semana passada, Assange vem respondendo à ameaça de expulsão da embaixada. Com seus apoiadores –Assange tem acesso limitado à internet na embaixada– iniciou a campanha "El Mundo con Assange", com um hashtag que pedia a esses candidatos que o ativista pudesse seguir na embaixada.

Para Assange, uma expulsão iria "contra a natureza do pedido de asilo, que em nenhum lugar do mundo deveria estar sujeita ao governo de turno", afirmou nas redes sociais.


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