Folha de S. Paulo


Paz no Oriente Médio não precisa incluir Estado palestino, diz Trump

Ao receber o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, nesta quarta-feira (15) na Casa Branca, o presidente Donald Trump disse que o processo de paz no Oriente Médio pode incluir uma solução que não preveja um Estado palestino ao lado de Israel.

Questionado sobre a chamada solução de dois Estados, Trump disse que gosta da solução "que os dois lados gostem". "Estou considerando uma [solução] de dois Estados, de um Estado, e eu gosto da opção que os dois lados gostem Posso viver com qualquer uma delas", afirmou.

Kevin Lamarque/Reuters
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca

"Eu primeiro pensei que a [solução] de dois Estados seria a mais simples para os dois lados, mas, honestamente, se Bibi [Netanyahu] e os palestinos, se Israel e os palestinos estiverem felizes, eu estarei feliz com a solução que eles gostarem mais", completou.

A posição de Trump muda radicalmente a que os EUA vinham adotando durante vários governos anteriores, que defendiam e tentavam diplomaticamente uma solução que resultasse na criação de um Estado palestino ao lado de Israel.

Em janeiro, Obama chegou a criticar a política de Netanyahu de permitir a expansão de assentamos judeus na Cisjordânia, dizendo que isso atrapalhava as conversas de paz para uma solução de dois Estados.

Trump ainda reafirmou sua intenção de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, que é considerada pelos israelenses sua capital. "Eu gostaria de ver isso acontecer", disse.

A ideia é controversa, já que os palestinos também querem instalar ali a capital de seu eventual Estado. Mudar a embaixada para Jerusalém seria reconhecer a cidade como capital de Israel.

O presidente americano também disse que os palestinos deverão retroceder em seu "ódio" aos israelenses se quiserem alcançar a paz. "Eles são ensinados a ter um ódio tremendo, isso começa nas escolas", afirmou.

Apesar do afago a Netanyahu —que incluiu destacar que sua filha, Ivanka, seu genro e assessor, Jared Kushner, (presentes na entrevista coletiva) e os dois filhos do casal são judeus—, Trump disse que os israelenses teriam que mostrar "alguma flexibilidade" nas negociações com os palestinos.

"Eu gostaria de ver você conter um pouco os assentamentos. Vamos trabalhar nisso", disse Trump, num comentário que visivelmente não agradou Netanyahu.

Netanyahu respondeu às perguntas sobre a solução de dois Estados dizendo que vai negociar sem colocar "rótulos" nas propostas. Ele ainda disse que a paz só será possível se os palestinos reconhecerem o Estado judeu e pararem de pedir "a destruição de Israel", e se os israelenses tiverem o controle de "toda a área a oeste do rio Jordão" —ou seja, a região da Cisjordânia.

Em tom bastante duro, disse que enquanto os palestinos contestarem a ligação daquela região com a história do povo judeu, não haverá acordo de paz. "Os palestinos não só negam o passado, eles também envenenam o presente", disse.


Endereço da página: