Folha de S. Paulo


Governo da Malásia confirma que irmão de Kim Jong-un foi assassinado

Jung Yeon-Je/AFP
People watch a television showing news reports of Kim Jong-Nam, the half-brother of North Korean leader Kim Jong-Un, at a railway station in Seoul on February 14, 2017. Kim Jong-Nam, the half-brother of North Korean leader Kim Jong-Un has been assassinated in Malaysia, South Korean media reported on February 14. / AFP PHOTO / JUNG Yeon-Je
Pessoas assistem em Seul à notícia sobre morte de Kim Jong-nam, irmão do ditador norte-coreano

O meio-irmão do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, foi assassinado na Malásia, confirmou nesta terça-feira (14) o governo malasiano.

Um funcionário do alto escalão do governo afirmou, sob condição de anonimato, que Kim Jong-nam, 45, foi atacado com um spray nesta segunda-feira (13) no aeroporto de Kuala Lumpur. Ele esperava um voo para Macau, na China.

Mais cedo, a agência de notícias sul-coreana Yonhap informou que Kim Jong-nam havia sido morto, citando uma fonte do governo de Seul.

Segundo a emissora sul-coreana Chosun, também citando fontes do governo sul-coreano, Kim foi envenenado por duas supostas agentes norte-coreanas, que teriam fugido do aeroporto de táxi.

Kim Jong-nam era conhecido por suas posições críticas ao regime da Coreia do Norte e disse em uma ocasião a um jornal japonês que se opunha às transferências dinásticas de seu país, onde o poder passa de pai para filho.

"Qualquer pessoa com bom senso iria considerar como intolerável três gerações dinásticas" no poder, escreveu ao jornalista japonês.

Ele também afirmou que seu irmão Kim Jong-Un, atual ditador norte-coreano, carecia de "um senso de dever e responsabilidade", e advertiu que a corrupção levaria a Coreia do Norte ao desastre.

Em 2012, um jornal de Moscou relatou que Kim Jong-nam estava tendo problemas financeiros depois de ter criticado a política norte-coreana de sucessão.

PEQUENO GENERAL

Kim Jong-nam costumava ser chamado de "Pequeno general" quando era mais novo e chegou a ser considerado possível herdeiro do regime norte-coreano, mas caiu em desgraça em 2001, depois de cometer um erro espetacular.

Ele foi preso no aeroporto de Tóquio ao tentar entrar no Japão com um passaporte falso da República Dominicana para visitar um parque da Disneylândia, acompanhado por duas mulheres e uma criança.

Kim Jong-nam e sua família foram forçados então a viver praticamente no exílio em Macau, Cingapura e China.

Nascido de um relacionamento extraconjugal de seu pai com a atriz Sung Hae-rim, Kim Jong-nam era conhecido por seu interesse por informática. Era fluente em japonês e havia estudado na Rússia e na Suíça.

Ele voltou a viver em Pyongyang depois de completar seus estudos no exterior, e assumiu a função de supervisionar a política de tecnologia da informação.

Kim Jong-nam já foi alvo de tentativas de assassinato no passado. Em outubro de 2012, promotores sul-coreanos informaram que um norte-coreano detido como espião admitiu ter participado de um complô na China em 2010 para encenar um acidente de carro para atingi-lo.

Antes de Kim Jong-nam, o último grande assassinato político da Coreia do Norte havia ocorrido em dezembro 2013, quando foi executado Jang Song-thaek, tio do ditador Kim Jong-un.


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