Folha de S. Paulo


Trump promete 'ajustar' relação com o Canadá em encontro com premiê

Pablo Martinez Monsivais/Associated Press
O premiê canadense, Justin Trudeau, e o presidente americano, Donald Trump, em encontro na Casa Branca
O premiê do Canadá, Justin Trudeau (à esq.), e o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca

Ao lado do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, na Casa Branca, o presidente americano, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (13) que vai "ajustar" sua relação comercial com o país vizinho, três semanas após prometer que renegociaria o Nafta, acordo de livre comércio com Canadá e México.

Numa entrevista coletiva na qual ambos tentaram demonstrar algum tipo de afinidade —mesmo tendo posições antagônicas sobre diversos temas, como imigração e segurança—, Trump elogiou a relação comercial "espetacular" com o Canadá, disse que trabalharia junto com o vizinho para "torná-la ainda melhor" e criticou o México.

"[Com o Canadá] é uma situação muito menos grave do que a que está acontecendo na nossa fronteira ao sul [com o México]. Na fronteira ao sul, por muitos e muitos anos, a transação não foi justa com os EUA", disse o presidente americano.

Durante a campanha, Trump disse que o Nafta era o pior acordo comercial já assinado pelos EUA e, dois dias depois de tomar posse, afirmou que iria renegociar o seu texto, de forma a torná-lo "justo" aos trabalhadores americanos. E ameaçou retirar o país do Nafta se não conseguir fazê-lo.

Trudeau, por sua vez, destacou que "milhões de bons empregos de classe média dos dois lados da fronteira dependem dessa parceria crucial" entre EUA e Canadá.

"[A relação] é uma real preocupação para muitos canadenses porque sabemos que a nossa economia é muito dependente dos EUA", disse o premiê. ""E, no fim, Canadá e EUA sempre serão o parceiro mais essencial um do outro."

Os dois países têm uma balança comercial de US$ 545 bilhões, sendo que os EUA têm um deficit de US$ 11 bilhões. Com o México, a balança dos EUA é de US$ 525 bilhões, e o deficit americano, de US$ 63 bilhões.

REFUGIADOS

Os dois líderes foram questionados sobre suas políticas completamente opostas na questão da imigração e dos refugiados.

Trudeau foi diplomático ao dizer que os dois países passam por um desses períodos da história em que a "abordagem" política americana se distancia da do Canadá, mas que não é parte do seu trabalho "dar lições" aos EUA sobre como governar.

"A última coisa que os canadenses esperam é que eu vá dar lições a outro país sobre a forma como eles escolhem governar", disse o premiê.

Três dias depois de Trump anunciar um decreto proibindo temporariamente a entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana nos EUA, Trudeau escreveu em seu perfil no Twitter que os refugiados eram bem-vindos no Canadá.

"A aqueles que fogem da perseguição, do terror e da guerra, os canadenses lhes receberão, independentemente de sua religião. A diversidade é a nossa força", disse.

O Canadá recebeu cerca de 40 mil refugiados sírios desde que Trudeau assumiu o poder, em novembro de 2015.

Ao ser questionado se considerava que a política de acolher refugiados do vizinho do norte ameaçava a segurança da fronteira entre os dois países, Trump disse: "Você nunca pode estar totalmente confiante".

Ele, contudo, disse que os dois tiveram "ideias maravilhosas sobre imigração. "E tivemos, eu acho ideias muito fortes e duras sobre o tremendo problema que temos com o terrorismo", afirmou o republicano.

Trudeau complementou mais tarde dizendo que "certamente o Canadá tem enfatizado a segurança à medida que avança em seu sistema migratório".

COMÉRCIO EUA-CANADÁ - Em bilhões de US$*

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