Folha de S. Paulo


Tentativa de prender ex-presidente Toledo travou nos EUA, diz Peru

Em meio a uma caçada internacional pelo ex-presidente do Peru Alejandro Toledo, considerado foragido desde a semana passada, o governo peruano afirmou neste domingo (12) que é difícil entender a negativa dos EUA de prender Toledo.

O ex-mandatário, que segundo as autoridades está na Califórnia, não embarcou em um voo que havia reservado na noite de sábado (11) de San Francisco, na Califórnia, para Israel. A mulher de Toledo tem cidadania israelense.

Lima mantém um tratado de extradição com Washington, mas não com Tel Aviv, que afirmou neste domingo que não permitiria que Toledo entrasse no país.

Reprodução/Facebook/Ministerio del Interior del Perú
A foto do ex-presidente Alejandro Toledo aparece em cartaz de procurado da polícia do Peru
A foto do ex-presidente Alejandro Toledo aparece em cartaz de procurado da polícia do Peru

"O ex-presidente Toledo só terá entrada permitida em Israel quando suas questões forem resolvidas no Peru", informou um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense.

Para os Estados Unidos, não há razões suficientes para justificar a prisão do ex-presidente peruano. Eles solicitaram que Lima submeta novamente seu pedido.

"É difícil para nós entendermos que indicações adicionais são necessárias... Nós achamos que o que foi descoberto até o momento é muito perturbador", disse o ministro peruano do Interior, Carlos Basombrio, acrescentando que Washington sinalizou "grande boa vontade" em ajudar a encontrar Toledo.

O Departamento de Justiça norte-americano não quis se manifestar sobre o caso.

CORRUPÇÃO

Toledo, um ex-defensor do combate à corrupção que governou o Peru entre 2001 e 2006, é procurado no âmbito de uma investigação de corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht.

Ele negou ter agido fora da lei e ainda tem que ser acusado, ou considerado culpado, de quaisquer crimes.

Procuradores alegam que Toledo obteve US$ 20 milhões em propinas da Odebrecht envolvendo dois contratos de concessão de rodovias, citando depoimento de um ex-executivo da empresa brasileira e transferências bancárias de cerca de US$ 10 milhões para contas controladas por um amigo de Toledo.

O ex-presidente não foi condenado por nenhum crime, mas um juiz determinou na semana passada sua prisão com base em indícios descobertos até o momento, enquanto acusações de tráfico de influência e lavagem de dinheiro são investigadas e levantadas pela procuradoria.

O Ministério do Interior peruano ofereceu o equivalente a US$ 30 mil (R$ 94 mil) por qualquer informação que leve à sua captura e pediu à Interpol para emitir um alerta vermelho para ajudar a localizá-lo mais rapidamente.


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