Folha de S. Paulo


Autor de decreto suspenso, assessor de Trump diz que Judiciário usurpa poder

"Os poderes do presidente estão fora de questão."

Em um tom mais combativo que o habitual, o assessor da Casa Branca por trás do decreto anti-imigração de Donald Trump deixou claro que o governo não irá ceder mesmo após a derrota judicial da semana passada.

Na quinta (9), uma corte de apelação manteve suspensa a ordem que impede cidadãos de sete países muçulmanos de entrar nos EUA por 90 dias e veta refugiados por 120 dias.

Joshua Roberts/Reuters
O assessor do presidente Trump Stephen Miller se prepara para entrevista na Casa Branca
O assessor do presidente Trump Stephen Miller se prepara para entrevista na Casa Branca

Em entrevistas veiculadas pela TV americana neste domingo (12), Stephen Miller classificou a decisão da corte de apelação como "usurpação judicial do poder".

"Não existe isso de supremacia judicial. O que os juízes do 9º [Distrito] e a nível distrital fizeram foi tomar para si poderes que pertencem diretamente ao presidente dos Estados Unidos", disse Miller à FoxNews.

"Um juiz distrital de Seattle não pode forçar o presidente dos Estados Unidos a mudar nossas leis e nossa Constituição por causa de suas visões pessoais. O presidente tem o poder para suspender a entrada de estrangeiros quando em nome do interesse nacional", defendeu Miller à rede ABC.

À rede CBS, ele ainda afirmou que "um juiz não eleito de Seattle não pode fazer leis para o país inteiro".

Para Miller, o debate deixou de ser jurídico e passou a ideológico. "Esse é um desacordo ideológico entre aqueles que acreditam que devemos ter fronteiras e controles e aqueles que acham que não deve haver fronteiras e controles."

O desempenho do assessor foi elogiado pelo presidente: "Parabéns Stephen Miller por me representar em vários programas matinais neste domingo. Ótimo trabalho!".

Trump elevou o tom contra o Judiciário na última semana, chamando os tribunais de muito "políticos". Para ele, o "suposto juiz" que concedeu liminar derrubando o decreto deveria ser culpado se "algo acontecesse".

IMIGRAÇÃO

Miller também disse neste domingo que o governo tomou "novas e maiores medidas para remover estrangeiros criminosos" do país.

Operações do Serviço de Imigração nos últimos dias em sete Estados americanos prenderam cerca de 400 pessoas e espalharam pânico entre imigrantes ilegais, além de atrair críticas de grupos de direitos humanos contra a repressão.

O órgão de imigração informou que as ações eram "de rotina" e não diferem das prisões conduzidas no governo de Barack Obama.

Trump, porém, tomou o crédito pelas operações. "O ataque aos criminosos estrangeiros ilegais é apenas a manutenção da minha promessa de campanha", escreveu o presidente em uma rede social. "Membros de gangues, traficantes de drogas e outros estão sendo removidos!"


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