Folha de S. Paulo


Peru considera Toledo foragido e oferece recompensa de US$ 30 mil

Reprodução/Facebook/Ministerio del Interior del Perú
A foto do ex-presidente Alejandro Toledo aparece em cartaz de procurado da polícia do Peru
A foto do ex-presidente Alejandro Toledo aparece em cartaz de procurado da polícia do Peru

O Peru colocou o ex-presidente Alejandro Toledo em sua lista de criminosos mais procurados nesta sexta-feira (10) depois que um juiz emitiu um mandado de prisão internacional em seu nome devido às alegações de que ele recebeu US$ 20 milhões (R$ 62,2 milhões) em propinas da empreiteira brasileira Odebrecht.

O Ministério do Interior ofereceu o equivalente a US$ 30 mil (R$ 94 mil) por qualquer informação que leve à sua captura e pediu à Interpol para emitir um alerta vermelho rapidamente para ajudar a localizá-lo.

"Qualquer pessoa do mundo que puder nos ajudar a encontrá-lo pode reivindicar a recompensa", disse o ministro do Interior peruano, Carlos Basombrio, à rede de televisão local Canal N.

"O Peru não merece ver outro presidente fugir da justiça", acrescentou Basombrio.

Enrique Castro-Mendivil - 7.abr.2011/Reuters
ORG XMIT: LIM109 Peru's presidential candidate and former President Alejandro Toledo speaks during a meeting with a workers' union linked to the political party APRA in Lima April 7, 2011. Peru will hold a presidential election on April 10, with a run-off being likely on June 5 since no candidate is expected to win 50 percent of the votes. REUTERS/Enrique Castro-Mendivil (PERU - Tags: POLITICS ELECTIONS EMPLOYMENT BUSINESS)
O ex-presidente Alejandro Toledo, durante comício em Lima na campanha presidencial de 2011

Toledo chegou ao poder denunciando a corrupção generalizada no governo de seu antecessor, Alberto Fujimori, que fugiu para o Japão em meio a um escândalo de corrupção de grande repercussão em 2000. Fujimori está cumprindo uma pena de 25 anos de prisão no Peru por corrupção e abusos de direitos humanos cometidos durante uma década de autoritarismo no comando do país.

Toledo não foi condenado por nenhum crime, mas um juiz determinou que os indícios descobertos até o momento justificam prendê-lo por até 18 meses enquanto acusações de tráfico de influência e lavagem de dinheiro são preparadas contra ele.

O ex-mandatário negou qualquer ilegalidade, e seu último paradeiro conhecido foi a França, que tem um tratado de extradição com Lima.

O advogado de Toledo, Heriberto Benítez, negou que seu cliente esteja foragido e disse que estava esperando a decisão sobre um pedido de recurso. Benítez se recusou a dizer onde está Toledo, citando um acordo de confidencialidade entre ambos.

Depois da decisão do juiz, tomada no final de quinta-feira, Benítez disse que iria recomendar a Toledo que não volte ao Peru por causa do sistema de justiça, que classificou de "vingativo".

A ministra da Justiça, Marisol Perez Tello, garantiu que Toledo terá um julgamento justo.

Alguns peruanos vêm especulando que Toledo pode ter viajado para Israel, onde se acredita que um amigo de longa data, o empresário israelense Yosef Maiman, more.

Israel não assinou um tratado de extradição com o Peru.

Os procuradores alegam que Toledo fez um pacto com a Odebrecht para ajudar a construtora a obter dois contratos de rodovia lucrativos em troca de subornos, que pediu para serem depositados em contas de empresas em paraísos fiscais controladas por Maiman. Cerca de US$ 10 milhões em transferências da Odebrecht para as companhias de Maiman foram localizados.

Maiman não respondeu a pedidos de comentários.


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