Folha de S. Paulo


Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados

REUTERS/Muhammad Hamed
A displaced Iraqi child who fled the Islamic State stronghold of Mosul with her family plays at Khazer camp, Iraq, February 6, 2017. REUTERS/Muhammad Hamed ORG XMIT: GGGBAG538
Menina iraquiana em campo de refugiados

O Estado Islâmico e outras facções terroristas estão recrutando crianças e adolescentes em campos de refugiados em zonas de conflito, segundo um relatório publicado nesta segunda-feira (6).

Militantes radicais financiam o equivalente a R$ 6.240 para garantir os possíveis recrutas. O valor inclui a passagem pelo Mediterrâneo rumo à Europa, em troca de sua adesão ao grupo.

A Fundação Quilliam, que publicou o estudo, sugere que jovens são seduzidos por organizações terroristas não apenas pela ideologia, mas também pelas vantagens materiais, que incluem remuneração e alimentação.

A estratégia tem especial impacto dadas as condições de vida em campos de refugiados, onde migrantes enfrentam crises sanitárias.

Há interesse de organizações terroristas por jovens porque eles são mais propícios ao doutrinamento, segundo os especialistas.

O recrutamento em campos foi registrado, por exemplo, no Líbano e na Jordânia. O governo jordaniano disse, no ano passado, ter descoberto uma célula do EI entre tendas de refugiados no país.

Outro dos principais pontos, afirma o relatório, é a cidade líbia de Qatrun, no sul do país, onde o Estado Islâmico tem entre 4.000 e 6.000 guerreiros. A milícia oferece R$ 1.700 para cobrir a viagem de quem se une às fileiras.

RADICALIZAÇÃO

Estima-se que 88 mil refugiados menores de 17 anos tenham chegado desacompanhados à Europa em 2015. Centenas desapareceram do radar nos últimos anos.

O sumiço é justificado por dificuldades financeiras, pelo receio de ter o asilo negado e pelo tráfico de pessoas.

É do interesse do EI e da Al Qaeda ter membros dentro do continente europeu, onde poderão ajudar a radicalizar outros jovens ou realizar grandes ataques terroristas.

A aversão a refugiados registrada em países da Europa também ajuda as facções na hora de recrutar, diz a fundação. O relatório sugere que os países invistam mais na recepção a refugiado como maneira de impedir a radicalização.


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