Folha de S. Paulo


Justiça nega recurso emergencial de Trump para retomar veto a imigrantes

Mandel Ngan/AFP
Donald Trump chega com a primeira-dama, Melania, ao baile de gala da Cruz Vermelha, na Flórida
Donald Trump chega com a primeira-dama, Melania, ao baile de gala da Cruz Vermelha, na Flórida

A Justiça dos Estados Unidos manteve neste domingo (5) a liminar que derruba o decreto do presidente Donald Trump que veta a entrada de cidadãos de sete países de maioria islâmica, anunciado em 27 de janeiro.

A liberação das viagens, que ficará de pé até pelo menos a noite desta segunda-feira (6), é mais uma derrota para o republicano, que voltou a esbravejar contra o juiz James Robart, de Seattle (noroeste), que aprovou a cautelar.

A 9ª Corte Federal de Apelações, sediada em San Francisco e responsável pelo oeste dos EUA, rejeitou o recurso feito pelo Departamento de Justiça, a quem ordenou uma nova ação até as 15h de segunda (21h em Brasília).

Na apelação, o governo disse que liminar "prejulga o discernimento de Segurança Nacional do presidente", além de não considerar que ele tem acesso a informações confidenciais.

O Departamento de Justiça ainda considera incapazes os procuradores-gerais dos Estados de Washington e Minnesota, que apresentaram a ação que levou à liminar, dizendo que suas alegações "são muito especulativas".

No processo, os procuradores afirmaram que houve grande prejuízos a famílias e empresas devido ao veto. A corte de apelações determinou que eles dessem provas até 23h59 de domingo (5h59 de segunda em Brasília).

O mérito só será julgado após a análise dos documentos. Com isso, os nacionais de Iêmen, Irã, Iraque, Líbia, Síria, Somália e Sudão ganharam mais algumas horas para poder entrar em território americano.

Neste domingo (5), alguns dos estrangeiros se emocionaram ao chegar aos EUA. Após dois anos tentando obter o visto, o iraquiano Fuad Sharef desembarcou com a mulher e os filhos em Nova York.

Isso aconteceu após eles terem sido levados na semana passada para o Egito devido à proibição. "Estamos muito felizes. Finalmente entramos nos Estados Unidos."

No mesmo aeroporto, a pintora iraniana Fariba Tajrostami chorou de alegria ao ver os irmãos, que não via há nove anos. Na semana passada, ela foi impedida de embarcar para os EUA no aeroporto de Istambul. "Pensei que tudo tivesse acabado", disse.

NOVO ATAQUE

Isso levou a novas mensagens de um irritado Donald Trump, que passou o fim de semana de folga em seu resort de Palm Beach, na Flórida, atacando Robart, a quem chamou de "pseudo juiz".

"Eu não posso acreditar que um juiz coloque nosso país em tamanho risco. Se alguma coisa acontecer, culpem ele e o sistema judicial. As pessoas estão entrando aos montes. Ruim!", disse.

O tom usado pelo presidente continuou sendo criticado pela oposição e pelos aliados. "Não temos pseudo juízes, pseudo senadores ou pseudo presidentes", disse o senador republicano Ben Sasse.

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, ameaçou barrar a indicação de Neil Gorsuch para a Suprema Corte em retaliação. "O presidente não é um ditador", disse a senadora Dianne Feinstein.

O vice Mike Pence saiu em defesa de Trump. "O presidente tem a autoridade de determinar quem tem o direito de vir ao nosso país."


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